Beto Richa
O Paraná se sente preterido pelo novo pacote de programas logísticos do governo federal, anunciado pela presidente Dilma Rousseff o chamado PAC das Concessões. Esse novo PAC, que pretende a duplicação de 7,5 mil quilômetros de rodovias e a construção de 10 mil quilômetros de ferrovias pelo país e projeta investimentos de R$ 133 bilhões, não destina um único real para atender aos pleitos do nosso Estado.
Pelo contrário. As ações que afetam o Estado parecem ter sido concebidas de forma a gerar prejuízos econômicos aos paranaenses. Tanto o traçado das ferrovias quanto a bitola escolhida (nossa malha ferroviária é métrica e a do PAC é larga, de 1,60 metro) induz o escoamento da produção do Centro-Oeste e do próprio Paraná para portos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Que não se acuse precipitadamente o Paraná de não ter projetos consistentes, porque projetos temos, e eles já foram apresentados ao governo federal. Exemplo é o traçado da Ferroeste de Cascavel a Maracaju (MS), cujo Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental está sendo conduzido, há mais de um ano, pela Valec, estatal federal.
Queremos muito a modernização ferroviária, inclusive com nova ligação até o Porto de Paranaguá. Mas este trecho ainda não foi acolhido pela Valec, embora o tenhamos reivindicado para o estudo de viabilidade.
O Paraná não pode, por força legal, sair por aí fazendo projetos executivos sobre obras que, por jurisdição, estão afetas ao governo federal. A lei de improbidade administrativa vale para todos os entes federativos.
Nenhuma das prioridades rodoviárias do Paraná algumas delas históricas levadas ao governo federal foi atendida até agora. Entre elas cito a BR-163, duplicação entre Cascavel e Capitão Leônidas Marques, o trecho entre Alto do Amparo e Imbituva da BR-153, a Transbrasiliana, a pavimentação da BR-487, a Estrada Boiadeira, entre Porto Camargo e Cruzeiro do Oeste, o trecho Campo Mourão-Roncador-Palmital da BR-158 e a BR-101, a Translitorânea.
Ficaram fora do pacote as demandas ferroviárias cruciais do Estado, como o trecho entre Guarapuava e Paranaguá e o ramal Cascavel-Guaíra-Maracaju. Enfim, não existe até agora, em todo o PAC, uma única ação capaz de eliminar nossos gargalos logísticos.
Lembro que o Paraná ocupa apenas 2,34% do território brasileiro e abriga 5,5% da população do país. Mas somos responsáveis por 15,4% da produção agrícola, 6,7% do valor agregado da indústria e 8,1% do emprego industrial.
Torço para que essa situação possa ser revertida no momento em que a presidente com quem mantenho excelente relação pessoal e administrativa se der conta dos prejuízos que o Paraná pode vir a sofrer. Acredito que haverá correções nesse pacote. Inclusive nos capítulos de portos e aeroportos, ainda inéditos. Porque o Paraná merece respeito.
Beto Richa é governador do Paraná