em

O desafio é votar “bem”

 

Lê-se ultimamente que voto não tem preço, tem consequência. Também há tempos se afirma que o brasileiro não sabe votar e que talvez por isso o povo tem o governo que merece. O problema é que esquecemos que votar nunca foi uma tarefa fácil nem aqui, nem na China. Votar, especialmente para vereador, requer conhecimento e elevado senso de responsabilidade. Exige de cada um de nós eleitores o esforço gigantesco de escolher entre centenas de cidadãos, alguns poucos dignos de confiança. A menos que essa pessoa seja amiga de infância, ou um parente próximo, condição que absolutamente não constitui pré-requisito; pergunta-se: como avaliar com presteza, aquele candidato que dispõe de poucos segundos na TV para expor suas ideias?  Como localizar num imenso mar de tolices algumas raras ilhas de inteligência em menos de dez segundos? Esse é o cenário eleitoral em Ponta Grossa, onde nada menos que 428 candidatos – 166 a mais que nas últimas eleições municipais – disputam as 23 cadeiras de vereador na Câmara Municipal.

Eis os desafios do eleitor: eleger o grupo de concidadãos, que irá representá-lo no Poder Legislativo, sem o suficiente e necessário tempo para conhecê-los e acertar, em nível quase de loteria, a escolha de pessoas minimamente comprometidas com seus valores e com os anseios da maioria da população. Enquanto esperamos pela tão sonhada reforma política-eleitoral, que de uma só vez resolveria grande parte desses problemas, a dica é votar por eliminação sumária. Ou seja, comece descartando os habituais candidatos de 600 a 800 votos que concorrem sempre para competir e nunca para ganhar. Eles só se prestam a ser manipulados por políticos profissionais oportunistas. Depois exclua aqueles que chegam a gastar R$ 300 mil ou mais numa campanha. Não há quem não conheça os contumazes compradores de voto. Seja com cesta básica, vale combustível, convites para churrascada ou dinheiro em espécie; eles agem impunemente e convictos que toda consciência tem o seu preço. Por fim, pesquise a atuação passada dos candidatos a reeleição, investigue sobre a qualidade e relevância de seus projetos de lei, elimine aqueles comprovadamente envolvidos em casos de corrupção nunca esclarecidos e, por tabela, impeça que maus políticos perpetuem-se no poder.

Realizada a faxina, não estranhe se restarem pouquíssimos candidatos aptos e merecedores do seu voto, pois esse é o preço dos processos seletivos. Quem sabe se mesmo timidamente, mas com boas atitudes, começamos a dar uma nova cara para o Brasil, partindo da nossa cidade. Quem sabe assim estaremos iniciando os primeiros passos na direção de uma cultura de plena cidadania e justiça social, elevando nosso sentimento de respeito e dignidade mas, sobretudo, de orgulho de ser brasileiro.

 

Caio Graco de Campos

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.