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O ano da reclusão e da locação de carros

Foto: Divulgação

Por Vivian Almeida

Falar que 2020 foi um ano desafiador é chover no molhado: o espiral da covid atingiu as mais diferentes esferas, com impacto direto nas pessoas e na economia global. Cada um viveu essa fase de maneira diferente, sendo que o medo, a indiferença e desinformação foram protagonistas de como as notícias circulavam e também determinantes na maneira de agir de cada um. Independentemente disso, as consequências vieram, e alguns sonhos foram pausados, como o de viver uma experiência que somente uma viagem é capaz de oferecer.

O setor de turismo foi severamente impactado. A locação de carros, que tem grande parte de sua demanda derivada do setor, inicialmente também. Mas, para equilibrar suas contas, muitas locadoras optaram por reduzir suas frotas e investiram em seus setores de seminovos, modalidade que retroalimenta o mercado com veículos em ótimo estado para o consumidor. Dessa forma, há garantia de que a frota utilizada pelo locatário de carros seja sempre nova, minimizando a possibilidade de uma má experiência.

As montadoras de carros também aderiram às medidas apresentadas pelo governo, suspendendo contratos e reduzindo jornadas para equilibrar a oferta à demanda. Em abril, a quantidade de carros emplacados caiu 279% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que foi um aviso sobre a necessidade de desaceleração. Ao compararmos 2020 com 2019, visualizamos uma queda de 20% na compra do tão desejado carro novo, índice retraído não só pela mudança de comportamento do consumidor final, mas também pelo movimento de contenção das locadoras.

Entretanto, o cenário para a locação de carros mudou. No meio da pandemia, utilizar o carro para o dia a dia se mostrou a opção mais segura para se deslocar. Aluguéis mensais e de longo período começaram a se intensificar. Com uma rotina alterada e com o trabalho remoto ganhando espaço, muitos começaram a visualizar a possibilidade de participar de maneira mais ativa da economia compartilhada, trocando a obrigatoriedade de posse de um veículo pela possibilidade de alugar nos momentos propícios. 

Soma-se a esse cenário o fato de que, com mais informações sobre a covid, o brasileiro voltou a viajar e redescobrir seu país, apostando principalmente em turismo verde e em distâncias curtas. Logo, a procura por aluguel de carros cresceu muito – e o Google Trends mostra que vivemos em uma das épocas com mais interesse sobre o assunto. Porém, aqui vem o paradoxo: quando o carro alugado ganha o seu patamar máximo de popularidade nos últimos dez anos, é exatamente quando o setor vive uma situação inédita, que é a frota escassa.

Hoje, em torno de 30% das pesquisas realizadas para cidades mais procuradas, segundo as preferências do consumidor, resultam zeradas. Ele se frustra, mas as empresas que trabalham com o setor, também. Não ser possível oferecer ao cliente o que sempre se conseguiu é angustiante – entretanto, ainda é um dos resquícios da pandemia, que continua gerando grandes impactos no setor de turismo e de aluguel de carros.

O assunto passou a ganhar destaque. O reaquecimento do turismo. A vontade de alugar veículos. As frotas escassas. A solicitação incansável das locadoras por novos carros. O tempo estendido de entrega das montadoras. O encarecimento da diária. A falta de carros para atender à demanda atual. Novos players entrando no mercado. E disso tudo, a certeza constante da importância do setor e da nova relação que será criada com a locação de veículos, que passa a oferecer mais flexibilidade, adaptação e facilidades para a mobilidade.

A autora é diretora de Global Partnerships da Rentcars.com, maior plataforma de aluguel de veículos da América Latina

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