Giovanni Luigi Schiavon
A exclusão do Grêmio da Copa do Brasil por atos racistas da torcida contra o goleiro Aranha, do Santos, abre um precedente absurdo para o futebol brasileiro. Prova o quanto o STJD é manipulável pelo clamor popular e o quanto nós estamos errados quando tentamos corrigir os problemas do nosso país. Iludido é aquele que acha que o futebol brasileiro há de ser uma maravilha de primeiro mundo quando se vive em um país com mente de quinto. E ignorante é aquele que acha que profissionais e torcedores de um clube devam ser punidos por um ato de negligência de um grupo de indivíduos que se dizem torcedores.
Ademais, exacerbada foi a decisão tomada pelo STJD na quarta-feira passada contra a instituição Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, principalmente quando se trata de um Clube que investe pesado todos os anos em campanhas contra o racismo, um Clube que possui um hino idolatrado por toda sua torcida composto por Lupicínio Rodrigues (compositor negro) e uma estrela dourada no píncaro de seu brasão a qual homenageia um de seus maiores atletas: Everaldo, lateral esquerdo, gaúcho e também negro. Se, mesmo diante tais veracidades e simbologias, a população e, por consequência, a Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva insistem em rotular de racista o Clube em questão e puni-lo por isso, creio que a humanidade esteja perdendo seu senso de lógica e compaixão. Eu, enquanto gremista fanático, intolerante a qualquer injúria racista e ainda descrente com um resultado classificatório ao Grêmio na Copa, não contesto tal decisão apenas no campo desportivo, todavia penso que, mesmo a tantas políticas e movimentos de cunho igualitário e abolitivo no que diz respeito à segregação de qualquer grupo de indivíduos que o país vem formando, creio que, paralelamente, um retrocesso descuidado no âmbito da liberdade de expressão também esteja sendo causado. Pois a interpretação equivocada por outrem de qualquer ato que, por um azar, acentuado perante um terceiro venha a se familiarizar com a problemática (lê-se problemática no sentido de um conjunto de problemas relativos a um assunto) que aquele detém ou esteja inserido, poderá causar sérios danos ao indivíduo erroneamente interpretado.
Portanto, essa flagelação dos princípios humanos somada à velha lei do tirar proveito estão, por conta dessas políticas e fomento irresponsável ao coitadismo por parte do Estado, cimentando uma rechaça a nível macro no que tange a liberdade de expressão do indivíduo e, consequentemente, sucateando e pondo em xeque perante uma grande parcela da população os órgãos competentes às leituras e penalizações desses problemas. Infelizmente estamos trilhando, assim, rumo à inoperância de discussões e debates relativos aos temas da modernidade, pois nunca se sabe quando um espertinho AI-5 de plantão estará por perto para nos causar algum transtorno, ou ainda, quando, imerso a esse grupo de debate, estiver mais um daqueles idiotas bancando os tão numerosos e populares teóricos anarquistas tupiniquins.
Giovanni Luigi Schiavon
Acadêmico de Engenharia Civil UEPG