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Museus em Ponta Grossa: incentivo e sucesso

 

Maurício José Kaczmarech

 

 

 

No artigo PG participa da Semana Nacional de Museus podemos notar um grande vazio nas opiniões prestadas à repórter que elaborou a matéria, a palavra incentivo não emerge do texto. Atualmente, Ponta Grossa conta com três museus: o Museu de Arqueologia (particular), o Museu Campos Gerais (estatal) e o Museu Época (particular). Analisando os três podemos citar que: a) O Museu de Arqueologia é de longe o mais profissional, organizado e atraente de todos os três. Possui material para ampliar várias vezes o espaço ocupado com exposições, mas não tem lugar para isto;

b) Museu Campos Gerais: é o único com subsídio público, tendo acesso à verba pública para se desenvolver e manter. Hoje se encontra em local emprestado por um banco e o plano atual é retornar ao seu local inicial, o edifício do antigo Fórum, mas o projeto de reforma é extremamente demorado e o prédio não é próprio para a montagem de um museu moderno, pois o prédio é histórico e não permite modificações, o correto seria a construção de um prédio especialmente planejado para ser um museu. Quanto à organização do acervo (que é especializado em História Regional), não há destaque, uma apresentação bem singela sem recursos visuais ou de multimídia, comuns para os museus no modelo atual, não há material especialmente criado para o museu, somente as peças doadas e algumas vitrines;

c) Museu Época: instalado em um prédio histórico, que por si só já é uma peça histórica, guarda um grande acervo de peças, sendo no item História Regional, uma referência (até a cruz do topo da antiga catedral, eliminada em 1978 está em exposição no Época), o Museu possuí um único funcionário (o Sr. Aristides, o proprietário do Museu). O Época abre de forma gratuita à comunidade, apresentando de forma despreocupada, um acervo variado (desde móveis a espadas e sextantes!), claramente esse museu mereceria uma reforma e uma nova organização, ampliando o seu valor como museu. O Época sofre com pendências tributárias (IPTU) que pode resultar em seu fechamento.

Depois destas informações, podemos concluir que: a) Os museus particulares têm grande valor para a cidade, pois rivalizam ou em alguns pontos, derrotam o museu estatal da cidade em vários pontos; b) O museu estatal, apesar de receber grande incentivo e possuir funcionários e a possibilidade de estagiários, continua atrelado a um padrão antigo e preso à ideia fixa de adaptar um fórum para ser um museu de história unicamente regional; c) Os museus particulares carecem de algum incentivo para seu funcionamento e mesmo existência, pois mesmo se cobrarem a entrada dos visitantes, isto não seria suficiente para manter um museu.

Por fim, consta ainda lembrar que existe o Museu de Geologia e Paleontologia do Parque Estadual de Vila Velha que tem dificuldades, vamos dizer, administrativas, para iniciar suas atividades, mesmo não tendo o problema do investimento, tão comuns dos museus particulares. Também existe o projeto da Prefeitura para um Museu Ferroviário, algo interessante e relativamente fácil de executar (PG tem uma estação de passageiros praticamente intacta e uma locomotiva à disposição!). Ponta Grossa fica próxima a Curitiba, que oferece um grande volume de possíveis visitantes aos museus, entretanto, existe, claramente a necessidade de incentivar a qualidade dos museus.
No caso dos museus estatais, isto está atrelado a um emaranhado pantanoso de interesses, padrões e formas de pensar característicos dos órgãos públicos. Já os museus particulares, dependem do sacrifício e idealismo de seus criadores. Entretanto, estes últimos para ampliar suas instalações ou para continuar existindo, poderiam receber incentivo governamental… museu não é negócio no Brasil, ao menos se tiver estátuas de cera de ídolos do futebol, esporte e artes!

Existem espaço e pessoas interessadas em criar novos museus em Ponta Grossa, colecionadores podem criar museus ou mesmo participar da criação dos mesmos. Basta lembrar-se do entusiasta pelo transporte ferroviário, o Sr. José F. Pavelec e o colecionador de objetos da Roma Antiga, Renoaldo Kaczmarech.

Existe um potencial para novos museus, existe a possibilidade de expansão e melhorias dos atuais. No setor privado, talvez algum incentivo municipal conseguisse transformar Ponta Grossa em uma cidade com museus melhores e mais variados, fica a sugestão aos nossos vereadores para criar alguma lei que incentive a criação de mais museus particulares em PG e a manutenção e evolução dos já existentes.

 

 

 

O autor é graduado e licenciado em Geografia e astrônomo autodidata

 

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