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Lendas Urbanas em PG (4): Um monumento em forma de ‘cocozão’

Lendas Urbanas em PG (4): Um monumento em forma de ‘cocozão’

 

Sérgio Luiz Gadini*

 

Um dos mais questionados monumentos em espaço aberto que a cidade de Ponta Grossa já teve ganhou um apelido popular nada atrativo, ao menos do ponto de vista turístico: o ‘cocozão’, instalado no final da gestão do ex-prefeito Péricles Melo (2004). A história é simples mas, como toda lenda, ganha desdobramentos bem além, e até distantes, das supostas intenções iniciais de seus autores.

Instalado em uma rotatória de acesso ao Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no bairro de Uvaranas, o monumento deveria – segundo ‘mentores’ de tal criação artística – representar uma araucária. Formada por uma haste de aço, com cerca de oito metros de altura, sustentando uma pedra em resina. O formato de pedra, por sua vez, deveria indicar os arenitos próprios da Região dos Campos Gerais, encontrados no Parque Estadual de Vila Velha. Teoricamente, parecia um plano razoável, embora talvez, não necessariamente artístico!

Não se sabe ao certo quando, quem e tampouco de que maneira foi renomeado o monumento que, segundo apurado pela produção do Projeto Lendas Urbanas PG, teria custado cerca de 100 mil reais aos cofres públicos da Cidade. Mas, tão logo foi concluído o trabalho artístico na rotatória da Av. Carlos Cavalcanti, não demorou para que vozes populares encontrassem ali outros sentidos, indicando um nome mais facilmente explicável ao monumento. Na cidade, dizia-se que o autor da ‘obra’ seria um anônimo, provavelmente de fora do município, uma vez que nunca teria aparecido para explicar ou menos tentar justificar o princípio e a intenção criativa do projeto.

O jornalista Danilo Kossoski, nos personagens de suas tiras (HQs), insistia que o formato do monumento parecia mais com um grande quibe. Outras hipóteses foram levantadas, mas a que mais colou no imaginário popular foi mesmo a versão de que ali estaria o retrato de uma espécie de ‘cocozão’.

Alguns poucos defensores do projeto, ainda no primeiro semestre de 2004, até procuraram justificar o trabalho, lamentando a eventual ausência de sensibilidade estética popular, para entender o suposto e legítimo sentido de tal produção artística. Mas, diante da força do imaginário coletivo, teria sido praticamente inútil o esforço!

Com tanta polêmica e motivo para comentários, o fato é que o tal monumento teve um final, não totalmente convincente, gerando nova onda de hipóteses e boatos. Diz o registro (oficial) que, no dia 20 de fevereiro de 2009, cerca de cinco anos após a inauguração, alguns servidores da Cidade tentavam retirar um vespeiro da base da resina, quando o fogo teria tomado conta da obra, consumindo o material de sustentação. E nem os bombeiros teriam conseguido apagar e recuperar a obra. Ficou por isso! Posteriormente, levantaram-se outras justificativas para o fim do dito cujo, inclusive de que teria sido uma sugestão de um ex-governador para dar fim à imagem que estaria indicando mais projeção negativa que atrativo turístico ao Município.

O fato é que, desde que foi construído, até sua confusa extinção, o referido monumento virou uma lenda, gerando muita conversa, dúvida e questionamento em torno de sua efetiva significação. Hoje, ainda é possível encontrar imagens em arquivos da internet do referido projeto de monumento, confirmando que nem sempre (boas!) idéias artísticas conseguem se materializar de forma mais concreta e eficiente. E, como toda lenda, mesmo ficando apenas na memória, ainda se fala no tal monumento em diversos locais da Cidade. Por isso mesmo pode-se dizer que também virou lenda!

 

*O autor é professor de Jornalismo da UEPG, membro do Conselho Municipal de Cultura PG, presidente do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ). sergiogadini@yahoo.com.br

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