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Formação de cidadania em tempo integral

Ademar Batista Pereira

 

 

Dos 30 melhores países classificados no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), na grande maioria, a escola é de tempo integral. Inclusive, em muitos casos, vai da educação infantil até o ensino superior. No Brasil, não é nova a discussão sobre a necessidade da escola nesse modelo. Mas mesmo com vantagens conhecidas e comprovadas, ainda há quem defenda que a escola em um único período é suficiente.

Na Europa, a decisão pela educação em período integral aconteceu a partir dos anos 60, junto à discussão sobre os direitos das crianças e dos adolescentes. Na época, o trabalho infantil, até então permitido e incentivado, passou a ser proibido. Passou-se a defender que a criança precisava brincar, estudar e se preparar para os estudos e para a vida. No Brasil, essa discussão também é recorrente.

Por aqui, o adolescente somente pode ingressar no mercado de trabalho a partir dos 16 anos e, ainda assim, com muitas restrições. 

Os países desenvolvidos organizaram a escola de tempo integral ao perceber que as crianças e os adolescentes ficariam um período na escola e outro na rua.

Assim, a sociedade se organizou para que os alunos frequentassem as escolas durante um período maior. Enquanto isso, no Brasil, insistimos na escola de um turno apenas, e elas ainda são incumbidas pelo estado brasileiro de abranger diversas atividades que vão além do ler, escrever ou fazer contas. E em alguns municípios, por falta de investimento, têm ainda o quarto turno intercalado entre manhã e tarde.

É dever da escola ensinar sobre sexualidade, hábitos alimentares, cidadania, meio ambiente. E como educar em todos estes sentidos em um único período do dia? E, com pais trabalhando em tempo integral onde deixar estas crianças enquanto não estão na escola? Tios, vizinhos e amigos dividem esta responsabilidade, mas à medida que estas crianças crescem acabam mesmo ficando na rua, nas esquinas e nos shoppings e muitas vezes aprendendo o que não devem.

Portanto, a solução para a formação sólida da futura geração, nem sequer está nos moldes europeus, com escolas funcionando das 9 às 17 horas. Hoje, a maioria das famílias precisa de uma escola que funcione 12 horas por dia, isso pelo menos até o estudante ter 16 anos, quando ele poderia iniciar no mundo do trabalho, ou já ter condições de exercer a sua liberdade com responsabilidade.

A escola particular vem, como sempre, na vanguarda da educação, implementando esse modelo. Inclusive com escolas de tempo integral no ensino médio, exatamente na fase que mais fica difícil para o aluno focar nas coisas sérias. Mais uma vez, a escola particular sai na frente, pena que o estado brasileiro não perceba ou busque parcerias com a iniciativa privada para atender à demanda iminente da educação em tempo integral no Brasil.

 

 

 

O autor é presidente do Sinepe/PR

 

 

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