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Faris Michaele: 1911-2011

Carlos Mendes Fontes Neto

Estamos em plena comemoração do centenário de Faris Michaele. Interessante observar o contraste do cenário cultural entre a época das realizações do homenageado e a atual. A cidade de Ponta Grossa, considerada então meca cultural do Paraná e com presença destacada no cenário do país como uma cidade com intensa vida cultural, com reconhecimento até no exterior, hoje, esboça um renascimento cultural. Olhando para trás, observamos que com o desaparecimento do Prof. Faris Michaele, há mais de 30 anos, a cidade sofreu uma certa decadência cultural, pois afinal muito se perdeu a partir deste período. Perdemos o que de mais significativo tínhamos no nosso belíssimo patrimônio histórico e arquitetônico, entidades culturais desapareceram, lentamente nossa memória étnica foi sendo apagada, enfim vivemos um período em que as manifestações culturais passaram a ser pontuais e graças ao empenho e sacrifício de uns poucos.

Hoje ao destacarmos a marca do centenário daquele que tanto trabalhou pelo desenvolvimento cultural da cidade e que deve ser traduzido como efetivo crescimento de nossa cidade, pois é na educação e cultura que reside a verdadeira riqueza de uma população, notamos que o exemplo deixado começa a novamente ocupar tanto a preocupação de muitos, mas também despertar o interesse das novas gerações.

É tempo de se destacar as entidades que valorizam e trabalham pela nossa identidade cultural, tais como a Academia de Letras dos Campos Gerais, a Associação Germânica dos Campos Gerais e o Centro Cultural Prof. Faris Michaele que pioneiramente carregou a bandeira do Prof. Faris ao longo de 25 anos a serem completados no ano vindouro, através do trabalho árduo e valoroso da poetisa Leonilda Hilgenberg Justus acompanhada de um seleto grupo de idealistas.

E é com este espírito que propusemos a criação da Semana Faris Michaele, concretizada com a Lei Municipal nº 224/2011 proposta pela Vereadora Ana Maria de Holleben, que institui, na primeira semana de setembro, a realização de ações que promovam conhecimento e principalmente reconhecimento aos ideais de Faris Michaele. O poder público deve promover ações que destaquem a produção cultural da cidade e garantir às novas gerações acesso à cultura maiúscula e, principalmente, apoiar o Centro Cultural Prof. Faris Michaele como agente propositor destas ações, mostrando que esta entidade é legitima portadora do estandarte dos ideais de Faris.

Indianista, linguista, sociólogo, poeta, antropólogo, jurista, e mestre dedicado ao estudo da cultura brasileira. Fundador do Museu Campos Gerais, do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico de Ponta Grossa, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, do Centro Cultural Brasil – Estados Unidos, do Centro Cultural Euclides da Cunha, do jornal O Tapejara, da Faculdade de Direito, da primeira biblioteca da cidade, além de emérito professor do Colégio Regente Feijó e da Universidade Estadual de Ponta Grossa, da qual foi um dos batalhadores por sua criação.

Ainda poderiam ser enumerados outros importantes feitos e participações em que Faris teve papel destacado, mas fica impossível lembrar de tudo e o que se preparou para marcar esta data é pouco, muito pouco para a quem a cidade tanto deve. Sim. É preciso dizer que a memória pública é falha, pois ao se privilegiar festejos e homenagens não são considerados os expoentes de valor, mas sim os aspectos políticos, haja vista que ao se denominar o complexo cultural em construção ignorou-se a quem de direito mereceria a honraria. Ainda nos falta muita, muita cultura…

O autor é engenheiro civil, conselheiro municipal de Cultura, membro do Centro Cultural Prof. Faris Michaele e da Associação Germânica dos Campos Gerais 

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