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Expressões Idiomáticas da Língua Portuguesa

Laertes Larocca*

 

 

 

As línguas, em sua estrutura, apresentam muitas expressões significativas que transmitem ideias as quais, isoladamente, parecem não dizer nada.

         Idiomático vem do grego idiomatikós e quer dizer “próprio de um idioma’ daí: expressão idiomática.

         A dedução do significado não é do morfema: substantivo, adjetivo, etc e sim de um todo mais abrangente.

         Exemplificando: galo é o macho da galinha; cantar de galo tem outro sentido, tomar atitudes ditatoriais. Garganta é parte de um órgão anterior do pescoço; aquele homem é um garganta, só conta vantagens.

         O que se fala no dia a dia, muitas vezes são expressões idiomáticas: em espanhol se diz: Cómo está usted?; em francês: Comment-allez-vous?; em italiano: Como stai?; em inglês: Are you do?, em português: Como vai o senhor? Ou a senhora?. Mas as expressões idiomáticas não se resumem só em formas de polidez ou refinamento social.

         Os idiomatismos surgem de acordo com o meio ou com a época que representam.

         Para exprimir desprezo ou pouco caso, existem: “bananeira que já deu cacho”, para se referir a uma pessoa que não tem mais prestígio e influência; está inútil. Morrer como um cão significa morrer abandonado; tratar como um cão é tratar mal, viver como cão e gato é viver brigando.

         Para exprimir infidelidade conjugal existem: “jogar água fora da bacia”, é quando um dos cônjuges tem aventura com quem não está comprometido.

         “Não é boa bisca” é o mesmo que não procede bem; “Ser biscate” é mulher de vida duvidosa.

         Para exprimir recusa. “dar o fora” é não querer mais; “a moça deu o fora no rapaz”. “Tirar o corpo fora” é não querer se comprometer; “dar tábua” é não aceitar um convite. Nos bailes de antigamente, quando o rapaz ia tirar uma senhorita para dançar e ela se recusava, dizia-se que ela “deu tábua”.

         Muitas das expressões idiomáticas se relacionam diretamente com os sentidos.

“Dobrar a língua” é abaixar o tom e tratar com mais respeito. “Com a língua de fora” é estar ofegante. “Ter a língua solta” é falar o que não deve. “Morder a língua” é conter-se, não falar o que não pode.

         Referindo-se à audição. “Chegar aos ouvidos” significa vir a saber; “dar ouvidos” é acreditar; “martelar os ouvidos” é insistir, “ser todo ouvido” é considerar, ser atencioso com.

         Quanto ao sentido da visão: “até mais ver”, “ficar no ora vejam”.

         “Ter cheiro de corpo” refere-se ao olfato, é o tradicional “cc”. “Pegar em rabo de foguete” é assumir uma complicação, um abacaxi.

         Há expressões chulas muito usadas nas relações de hoje. “Quanto mais se abaixa, mais o ____ aparece”. “Pular a cerca” é trair; “lavar cachorro sem sabão” é viver esnobando, sem ter recursos; “broto” era o moço ou a moça bonita e “tareco” era uma pessoa sem prestígio. “Virar a mesa” é brigar, tirar satisfações; “queimar” era dar uma olhadinha para começar um namoro; “tirar um sarro” é debochar, caçoar, rir a custa de outro.

         Sarro no sentido denotativo é resíduo da nicotina que fica nos dentes. O dentista põe uma pinça entre os dentes para tirar o sarro. É mais elegante dizer tirar os tártaros. Também quer dizer: apalpar alguém de forma libidinosa.

         “Deu zebra” é um resultado inesperado. “É para inglês ver” é o que não chega acontecer.

         Todas estas expressões são formas da língua oral não quer dizer que para ter um bom português, tenha que citá-las sempre.

 

Laertes Larocca é professor

 

Referências Bibliográficas:

1. Dicionário da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras. Companhia Editora Nacional. 2008.

2. Pugliesi, Márcio. Dicionário de Expressões Idiomáticas, Editora Parma Ltda, São Paulo, 1981.

 

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