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Exibindo resultados para ‘Conselho de Políticas Públicas’

Rafael Schoenherr

Quem nunca ouviu em eventos da cultura aquele defasado jargão na voz do locutor: ‘agradecemos ao excelentíssimo prefeito’? Deveria causar constrangimento a qualquer setor bem informado da gestão pública a simples ideia de que ali tudo depende da ação do cargo máximo municipal. Afinal, a política contemporânea ou moderna acredita muito mais em fóruns específicos e em ações coletivas, que envolvam a sociedade civil nas decisões e que tenham amparo técnico em prol das coletividades. O que for muito diferente disso, soa atraso ou demagogia.

Em resumo, quando se recorre a essa retórica desgastada se comete uma injustiça com as políticas públicas da área da cultura. São elas que organizam e dinamizam a produção cultural de uma cidade e não a mão ou a caneta mais ou menos generosa de um representante apenas do poder político local.

Um dos mecanismos relativamente recentes desse processo de gestão participativa são os conselhos – uma espécie de colegiado ou mesa de discussão com representantes do poder público (local e/ou estadual) e da sociedade civil capaz de fiscalizar e fomentar políticas para o setor. Os representantes são eleitos em conferência e não são remunerados. É assim na Saúde, na Assistência Social, Educação, no Patrimônio Histórico, Meio Ambiente e também na Cultura, entre tantas outras pastas. Mas será que as prefeituras permitem que o cidadão tome conhecimento, entenda, contate e participe de modo mais efetivo desses conselhos?

O site da maior prefeitura da região dos Campos Gerais não informa quantos conselhos existem na cidade, por mais que alguns funcionem ativamente e sejam decisivos por mudanças ou melhoras na gestão do setor, graças ao trabalho coletivo e a amplas negociações. Isso quer dizer que o trabalho de diferentes conselheiros sequer é digno de reconhecimento público como lugar onde se pensa e se ajuda a fazer a política pública local. Um lugar que gostaria de contar com a colaboração de mais cidadãos interessados, certamente. Seja atuando diretamente ou auxiliando na cobrança e no debate.

A depender do site da Prefeitura, Ponta Grossa tem apenas um conselho, o que está muito longe de ser verdade. Na área da cultura, a cobrança para um simples espaço de contato (com telefone e email) dentro da página do poder público municipal na web foi reforçada e encaminhada na primeira reunião do ano do novo Conselho Municipal de Cultura, após a Conferência Municipal de abril. Até agora, divulga-se apenas agenda cultural oficial a cada semana – o que é imprescindível, mas muito pouco para configurar a transparência que o setor e os usuários reivindicam.

A maneira como um site de prefeitura local informa (ou silencia) sobre mecanismos de participação na vida pública como conselhos relaciona-se a, pelo menos, dois eixos temáticos das Conferências sobre Transparência e Controle Social realizadas em todo o país. A edição local do evento acontece nos dias 7 e 8 de novembro, com atividades preparatórias desde 13 de outubro. O site http://www.consocial.cgu.gov.br/ documenta o resultado das reuniões em cada município.

O eixo temático n° 1 dos debates que orientam a Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social menciona “Promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos”. O eixo nº 3 trata da “atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de controle”. Motivos de sobra para renovarmos a retórica que embala não apenas eventos culturais, mas iniciativas, ações, inaugurações e placas cidade afora.

O autor é membro do Conselho Municipal de Cultura, jornalista e professor 

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