Quem aí sofre tentando acompanhar o ritmo da sociedade frenética, sempre com pressa e sem tempo, levante a mão! Jogar conversa fora, olhar ao redor se tornaram atitudes tolas. Por algum motivo que ninguém sabe explicar, parar se tornou uma afronta diante de tantas urgências da vida. Falta espaço para imaginação ou uma invencionice qualquer. Ao mesmo tempo, nunca foi tão necessário apreciar a vida.
Para nossa sorte, a literatura (de novo ela) nos ajuda nesse desatino, afinal, há sempre um ser iluminado para transformar um evento singelo em algo mágico e nos encantar em meio à correria. É o caso do livro “Nas cores do pôr-do-sol”, escrito por Agnes Izumi Nagashima e ilustrado por Luciana do Rocio Ramos.
Composto por 19 poemas, a obra é um convite à reflexão sobre momentos sensíveis da vida, desde os mais cotidianos, como o simples olhar atento de uma garotinha:
“A menina avistou da janela
Novas cores da aquarela
Com pássaros a voar
E logo se pôs a cantar.”
Até o olhar de quem mora no reino encantado dos contos de fadas:
“Da torre do castelo
O príncipe e a princesa
Observaram um dragão
Soltar fogo pela boca.
E o céu que era todo azul,
Ficou mesmo é laranja.”
A cada página, um poema, a cada poema a lembrança de que poesia é alimento pra alma, já que ela nos ajuda a experimentar as sensações esquecidas. E, assim, no calor quentinho do amarelo, no fresquinho do azul, na exuberância do vermelho, o livro da Agnes e da Luciana reforça a importância de “sonhar feito criança”, de “voltar a sorrir e aquecer o coração”, de ter “liberdade pra voar”.
No fim das contas, enxergar as cores entre o cinza escuro é uma forma interessante de fazer poesia. Se é assim, sejamos todos poetas, enfim!
O livro “Nas cores do pôr do sol” está disponível na Biblioteca Gralha Azul, organizada pela Editora ABC. O acervo é digital, gratuito e composto por escritores e ilustradores paranaenses. Para ouvir/ler basta acessar o endereço: bibliotecagralhaazul.com.br/nas-cores-do-por-do-sol/
*A autora é graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).
**Texto originalmente publicado no Jornal da Rolândia