Fabio Aníbal Goiris
No dia 12 de janeiro de 2011, o Prefeito Wosgrau Filho era o centro das atenções uma vez que estava a negociar a vinda de oito empresas. Isto levou a um jornal da cidade estampar a seguinte noticia:
O prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau Filho, participou ontem de uma audiência com o secretário de Estado de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, para conversar a respeito do fortalecimento da industrialização de Ponta Grossa. A princípio, são oito as grandes empresas interessadas na cidade, a exemplo da Ambev, uma fábrica de vidros, outra que atua na produção de ácidos cítricos, entre outras cujos nomes não podem ser revelados no momento.
Contudo, mais de um ano após aquele momento catártico wosgrauniano o que se observa é que entre os discursos de ocasião restaram apenas grandes intenções e pequenas verdades concretas.
De qualquer modo, o que se percebe do ponto de vista técnico é que a indústria do Paraná irá crescer menos neste ano de 2012. Três fatores seriam os responsáveis diretos pela performance deficitária: o câmbio desfavorável, a quebra da safra agrícola e o ritmo mais lento de geração de empregos. Não há como esquecer um quarto fator negativo: a enxurrada da entrada de importados no país (comentários mais críticos dizem que o peso da concorrência chinesa já se encontra perto dos 50%).
Roberto Zurcher, economista da Fiep, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, afirma que o resultado mais fraco do agronegócio deve impactar no desempenho da indústria do Paraná em 2012, já que a economia do estado ainda depende fortemente do resultado que vem do campo. A quebra da safra também reduz a produção de alimentos e bebidas, segmento que responde por 43% das vendas industriais no Paraná.
Os candidatos a Prefeito de Ponta Grossa e os candidatos a vereador devem certamente estar atentos a estas questões. Afinal, um em cada cinco produtos industriais vendidos no Brasil em 2011 foi fabricado em outro país, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além disso, os produtos importados responderam por 19,8% do consumo no ano passado, porcentual recorde, (acima dos 17,8% de 2010) e bem superior aos 15,1% registrados em 1996, início da série histórica.
Como resultado desse quadro, a indústria de transformação do Paraná vem perdendo espaço: em 2004, ela respondia por 20,91% do PIB estadual, hoje está em 18,8%, segundo o Ipardes.
De qualquer modo, o universo da macroeconomia é de extrema complexidade e Dilma Rousseff sabe que mexer no câmbio, embora facilite as vendas externas das indústrias, traria um aumento dos custos dos produtos no mercado interno para a população.
Resta aos nossos políticos fazer estimativas positivas para a materialização do avanço industrial de Ponta Grossa, ou seja, pensar positivamente para que entrem em cena alguns fatores de estímulo que poderão melhorar o desempenho industrial: a redução da taxa básica de juros e a elevação do salário mínimo.
O autor é cientista político e professor da UEPG