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Eleições: um novo momento político (XVIII)

Fabio Aníbal Goiris    

 

 

 

Um dos grandes dilemas que irá enfrentar o novo Prefeito de Ponta Grossa, a partir de 2012, será a questão educacional. A educação especialmente de crianças e adolescentes vem mudando vertiginosamente. Apesar da inclusão de 15 novos municípios livres (ou estatisticamente livres) do analfabetismo no Paraná (que incluem as cidades de Bom Sucesso do Sul, Nova Santa Rosa, Mallet, Maringá, Maripá, Pinhais, São José dos Pinhais, Rio Negro, Araucária, Paulo Frontin, Ponta Grossa, Pato Bragado, São Mateus do Sul, Marechal Cândido Rondon e Paranaguá); persiste ainda de forma assustadora o denominado analfabetismo funcional. Ou seja, não apenas Ponta Grossa, mas quinze municípios fazem parte dessa estatística. Integram esse grupo as pessoas que conseguem ler, mas não compreendem o sentido de um texto e tampouco se expressar com a escrita. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2009, do IBGE, mostra que 20% da população brasileira com 15 anos ou mais de idade não chegaram a completar quatro anos de estudos e, por esse critério da pesquisa, são considerados analfabetos funcionais.

Contudo, os dilemas na educação não se resumem apenas à persistência do analfabetismo funcional, emerge também o problema dos índices baixos e ruins de qualidade do ensino. Considerando estes desafios que se apresentam na educação, o Governo de São Paulo decidiu que uma empresa particular irá instalar aparelhos digitais (ou computadorizados) nas escolas públicas. Além disso, essas empresas particulares irão treinar professores e até desenvolver conteúdos pedagógicos (instalados em lousas digitais) para as aulas. Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mais de 40% das aulas passarão a ser dadas com esses conteúdos. O projeto atinge todas as disciplinas e todos os colégios estaduais de 5º ao 9º ano do ensino fundamental e de ensino médio. Os conteúdos serão interativos e totalmente ligados ao currículo escolar. É obvio que o Estado irá fornecer computadores do tipo notebook e tablets a todos os alunos.

Não obstante, pesquisas nacionais e internacionais que abordaram o uso de tecnologia na educação não detectaram melhora no rendimento dos alunos. Além disso, empresas particulares contratadas irão ‘construir’ os conteúdos das disciplinas invadindo o ‘poder educativo universal e democrático’ de responsabilidade do Estado. Mais ainda: os professores criticam a nova investida tecnológica em educação de tipo digital por parte do Estado de São Paulo que estaria deixando em segundo plano a valorização dos professores e das suas condições de trabalho.       

De qualquer modo, os discursos que envolvem a educação ainda vão originar muita discussão. A consecução da cidadania em países periféricos deve incluir em forma prioritária o tema do ‘analfabetismo funcional’. De outra parte, sabe-se que a experiência de países com bons desempenhos educacionais mostra que o essencial continua sendo o investimento do Estado na formação dos professores. Não se trata de rejeitar tecnologias, mas, de entender que apenas colocar dinheiro (o Estado de São Paulo irá investir 5, 5 bilhões nos próximos 10 anos) não será a panaceia universal que, por arte de mágica ou por um clique do mouse, irá transformar a educação.   

 

 

 

O autor é cientista político e professor da UEPG  

 

 

 

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