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Eleições: Um novo momento Político (XVII)

Fabio Anibal Goiris

 

 

 

Tanto em Ponta Grossa como em Manhattan, há um fenômeno político que avança na tentativa de consolidar uma visão neoconservadora da sociedade: trata-se do discurso da ‘nova direita’. No cenário político brasileiro, verifica-se um relativo declínio do Democratas – DEM (antigo Partido da Frente Liberal – PFL) e do próprio Partido Progressista – PP. Embora ambos os partidos neguem uma identificação aberta com a ‘direita’, são partidos políticos conservadores. O DEM e o PP são ‘descendentes’ ideológicos da Aliança Re­­­novadora Nacional (Arena), que dominou o país durante a ditadura militar.

Neste contexto, observa-se um espaço vazio na tradicional direita brasileira que certamente será preenchido pela denominada ‘nova direita’. Há um espaço livre para o ressurgimento de uma ‘neodireita liberal’. Existem atualmente pelo menos três correntes ou agremiações da ‘nova direita’: 1) o Partido Federalista, 2) o Liber e 3) o Novo. Inseridos todos dentro dos preceitos da ideologia liberal, são defensores do ‘Estado mínimo’, da livre iniciativa e do direito à propriedade. Estas três agremiações direitistas se colocam em aberta oposição ideológica aos modelos de gestão adotados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sigla enraizada na esquerda socialista.

 É óbvio que, no Brasil, é difícil denominar uma agremiação política como sendo puramente de ‘direita’ ou de ‘esquerda’. Há nuanças e perfis diferenciados. Por exemplo, o Partido Progressista (PP) é parceiro dos petistas (PT) e comanda o Ministério das Cidades desde o primeiro mandato do governo Lula. Além disso, o governo Lula, estrategicamente, adotou medidas econômicas bem próximas à direita. Seja como for, o que aqui se discute é o surgimento no Brasil uma ‘nova direita’. Neste contexto, o cientista político Marcos Cintra que disse na Gazeta do Povo (07/04/2012): Há um novo público que se identifica com os princípios da direita e que defendem a competição e o darwinismo social. A direita tem o seu público, mas ele não é muito grande, diz Cintra. Segundo ele, há um equívoco ideológico entre setores liberais que, ao mesmo tempo em que defendem menos impostos, beneficiam-se com políticas governamentais. É o caso do empresariado beneficiado com as recentes medidas da política industrial. Este é o problema pernicioso da direita brasileira.

 De qualquer modo, é possível traçar o perfil destes três novos partidos de direita (Federalista, Liber e Novo). O Federalista fundado em 1999 se diz de ‘centro-direita’ (se é que pode ser usada esta classificação) e defende a descentralização administrativa do país. Por seu lado, o Liber nasceu em 2009 e envolve ‘ultraliberais’ que defendem a liberdade individual e que o Estado deve participar apenas na segurança pública. Por fim, o Novo, fundado em fevereiro de 2011 é uma agremiação de direita que também defende o ‘Estado Mínimo’, nos moldes definidos pelo cientista político americano Robert Nozick. Conclui-se, entretanto, que toda essa propaganda/promoção alardeada pela direita parece não incomodar em absoluto as ‘trincheiras’ da esquerda.

 

 

O autor é cientista político e professor da UEPG

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