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Eleições: Um novo momento político (XIV)

Fabio Aníbal Goiris

 

 

 

As especulações fazem parte da política, especialmente em tempos pré-eleitorais. As próximas eleições municipais em Ponta Grossa passam por um processo tão nebuloso que as previsões dificilmente se aproximam da verdade. Cada grupo político (e até mesmo cada pessoa física) apresenta seu ponto de vista e suas antevisões sobre o futuro dos candidatos e dos partidos. Verifica-se atualmente uma demora e insegurança dos candidatos a Prefeito para se apresentarem como tais ao seu eleitorado. Jocelito Canto em seus tempos áureos já vociferava aos quatro ventos pelo menos um ano antes das eleições que era candidato.

 No atual quadro político, existem grupos e pessoas que acreditam cegamente que Plauto Miró Guimarães (DEM) nem mesmo será candidato a Prefeito, pois teria outras prioridades como ser Presidente da Assembleia. Outros acreditam que a candidatura de Plauto é um fato consumado. O próprio Plauto teria dito: Tenho vontade de administrar a cidade onde nasci e onde vivo. Afinal, ele tem alguns trunfos: seu pai foi prefeito de Ponta Grossa, está no seu sexto mandato de deputado estadual, com domicílio eleitoral na cidade, pertence à  mais pura tradição elitista agroburguesa princesina (numa cidade cuja marca maior é o conservadorismo).

Na outra ponta do novelo está a novíssima candidatura de Marcelo Rangel (PPS). Não há dúvidas em Ponta Grossa de que Marcelo é o campeão das pesquisas eleitorais realizadas até agora. Se for considerado apenas este aspecto já estamos perante o mais forte candidato. Mas, Marcelo, adoece também do mesmo problema que Plauto: demora em se definir como candidato.

É provável que nem Plauto e nem Marcelo Rangel, dois bons candidatos a Prefeito e cujos nomes não constam em ‘fichas sujas’, tenham culpa pelo fato de demorarem em se apresentar como candidatos. A política pré-eleitoral no sistema capitalista (em Ponta Grossa como em Manhattan) funciona assim mesmo: depende de desincompatibilização, de filiação partidária e de um emaranhado de especulações, acertos e conchavos, geralmente por cima dos interesses populares. Mas, o fato mais importante é que nos dias 10 e 30 de junho de 2012, serão realizadas as convenções partidárias que escolherão os candidatos aos cargos em disputa.

Não obstante, o verdadeiro problema reside em que ambos (Plauto e Marcelo) estão na espera de uma decisão do governador Beto Richa (PSDB), no sentido de apoiar um ou outro candidato. O dilema é que a cidade também fica refém da decisão do governador (que tem a máquina pública), como se votar e ser votado (um ato conquistado com muita luta social desde o século XVIII) dependesse de decisões unipessoais. A vontade do governador (e dos seus seguidores como o próprio prefeito Wosgrau Filho) é que exista um consenso entre os candidatos que apoiam o governo e, de quebra, que praticamente não apareçam candidatos adversários à postura oficial. Defendem certamente uma espécie de ‘plebiscito’ em torno de uma candidatura oficial. Diante disto, a pergunta é: aonde fica a chance do eleitor comum de exercer o direito do voto livre, poliárquico e limpo?. Como construir uma democracia se candidatos a prefeito são antecipadamente digitados por governadores (e não por decisões intra-partidárias)? Mas, invocando a ‘Caixa de Pandora’, a esperança é a última que morre: com a palavra os partidos políticos como: PC do B, PT, PMDB, PR, etc. O cientista político francês Alain Rouquié dizia que a democracia precisa voltar a ser uma ideia colocada no mundo.

 

 

O autor é cientista político e professor da UEPG

 

 

 

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