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Dias de vergonha

Ademar Traiano

Desde que o PT chegou ao poder, em 2003, a política externa brasileira – que era respeitada e se fazia respeitar – se tornou uma sequência de vexames e humilhações.

Em 2009 o presidente Lula chamou Muamar Kadafi, ditador da Líbia, de meu amigo, meu irmão e líder. Em 2011 Kadafi foi linchado, empalado e morto por líbios enfurecidos que não compartilhavam o entusiasmo lulista pelo tirano, que comandou uma ditadura sanguinária por 42 anos. Essa falta de noção não foi um ponto fora da curva.

A admiração por ditadores, ou candidatos a déspota, desde que professassem algum tipo de esquerdismo e retórica antiamericana, se tornou uma constante no governo Lula, no que foi integralmente seguido por Dilma Rousseff.

Colocar dinheiro brasileiro na mão de governantes com esse perfil, em negócios desastrosos para o interesse nacional, virou regra. Exemplar é o caso da Bolívia que tomou a força uma refinaria da Petrobras em 2006 sem que o Brasil esboçasse qualquer reação.

Em 2011 Morales legalizou 70 mil carros roubados no Brasil e contrabandeados para a Bolívia. Ou seja, pagando uma módica taxa ao governo boliviano, um carro roubado no Brasil se transforma em propriedade legítima do ladrão ou do receptador boliviano.

A resposta do Brasil a essas agressões foi financiar, com dinheiro do BNDES (US$ 332 milhões), uma estrada na Bolívia que ganhou o apelido de transcocaleira, porque escoar o tráfico de cocaína e folhas de coca para o Brasil.

No segundo semestre de 2011, cada vez mais ousado, Morales vistoriou na marra aviões oficiais do governo Brasil. O pretexto era verificar um suposto tráfico de drogas do Brasil para a Bolívia. Suspeita bizarra, já que a cocaína costuma vir da Bolívia para o Brasil, não o contrário.

Ainda em 2011, Morales começou a perseguir o líder oposicionista Roger Pinto Molina, acusando-o de crimes fictícios com objetivo de colocá-lo na cadeia.

Um encarceramento desumano, sem que o Brasil cobrasse uma providência, levou um funcionário diplomático brasileiro, Eduardo Sabóia, a tomar a decisão humanitária de tirá-lo da Bolívia por conta e risco. A subserviência de Dilma aos desmandos bolivianos a levou a demitir o chanceler Antonio Patriota e punir o diplomata que resgatou o senador.

Como a Venezuela, arruinada pelas lambanças econômicas do falecido Hugo Chávez, não tem mais recursos para bancar Cuba, o Brasil foi escalado para financiar a ditadura cubana. O meio encontrado para mandar cerca de US$ 1 bilhão por ano para Cuba foi importar milhares de médicos, que os irmãos Castro alugam, embolsam o dinheiro e pagam aos profissionais um salário vil.

São médicos formados as pencas, com formação precária, alugados a governos estrangeiros em um sistema em tudo análogo ao trabalho escravo. Menos que uma resposta para problemas brasileiros, o aluguel de médicos é uma solução para os irmãos ditadores. Hoje, Cuba ganha mais com a exportação de médicos que com o turismo.

Para firmar esse acordo vergonhoso, o Brasil atropelou todas as normas trabalhistas. O governo brasileiro vai pagar, oficialmente, R$ 10 mil mensais (os números divulgados pelo próprio Ministério da Saúde sugerem que essa cifra é de mais do dobro: R$ 21 mil) por médico para o governo de Cuba. Os médicos devem receber uma fração ínfima desse dinheiro (R$ 550,00 é quanto ganham os médicos cubanos alugados para a Venezuela). Se o valor for mantido no Brasil o país estará admitindo que milhares de profissionais trabalhem aqui ganhando menos que o salário mínimo, o que é flagrantemente ilegal.

As relações do Brasil do PT com Cuba transitam entre o vergonhoso e o indecente. Em 2007 dois atletas cubanos fugiram da delegação cubana dos Jogos Panamericanos e pediram asilo no país. O Brasil não apenas não concedeu asilo como usou a Polícia Federal para capturá-los e devolve-los para Cuba.

Um médico cubano que tente ficar no Brasil será caçado por policiais federais brasileiros que vão capturar o dissidente e devolvê-lo, a força, para a ilha-presídio. O Brasil vive dias de vergonha internacional sob o comando do PT.

O autor é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa.

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