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Cultura paranaense: preservar e ampliar

Wanda Camargo

De 19 a 24 de julho várias instituições de ensino superior, dentro de um dos nobres princípios que regem a área, a Extensão, auxiliam a realização do VIII Festival de Arte e Cultura Popular do Litoral Paranaense. Durante este período, serão muitas as oficinas e apresentações voltadas a aspectos relevantes da nossa cultura. Artesanato, música, culinária, danças, teatro, canto, poesia, cinema; não há o que tenhamos produzido para nossa expressão e diversão que aí não esteja representado.

A celebração da presença do ensino superior neste evento tem dois motivos principais. Um deles, a concretização de sua finalidade essencial, prolongar a toda sociedade seu saber, suas pesquisas, auxiliar o crescimento de comunidades constituídas em torno da divulgação de seus bens simbólicos.

O outro, não menos importante, é a diversificação das instâncias de consagração do fenômeno cultural, a legitimação da produção intelectual e artística dos grupos autônomos, independentes da categorização “erudita” ou “popular”. Afinal, coube tradicionalmente ao ensino a tarefa de difusão da cultura clássica, e sua própria inércia estrutural levou ao processo de canonização determinadas formas culturais, em detrimento de outras.

Hoje a academia aponta que cultura não pode ser discriminada em alta ou baixa, designa um povo, sua identidade, seu estágio de evolução, que não é bom nem mau, é simplesmente real. Aquilo que está no museu deve ser visto, porém aquilo que está nas ruas, escolas, espetáculos, bares e conversas de amigos são também aspectos de nossas tradições, modos e educação, ou seja, elementos de nossa cultura.

O que chamamos de cultura paranaense é o amálgama das culturas de todas as nações e raças que nos constituem. O malfadado conceito de “pureza”, racial ou cultural, morre no momento em que nasce em nossas terras; o mito do paranaense refratário a tudo que venha de fora não resiste ao confronto com a realidade, e nisso está a nossa maior força, o melhor do que somos.

A congada, se contar com a participação de nisseis e polacos não será menos autêntica; o barreado só tem a ganhar com um toque francês; o fandango de Paranaguá quase implora pelas dançarinas alemãs; as danças circulares dos festivais Bon Odori de Maringá e Assaí ficam interessantes com a cadência das mulatas. Somos ricos porque temos diversidade, seremos muito mais ricos quanto maior for a nossa heterogeneidade; afinal gostamos do frio, enquanto parte dos brasileiros gostam mesmo é do calor.

Nossa cultura é irmã siamesa de nossa história, somos todos estrangeiros com a exceção dos indígenas autênticos. Todos nós, ou nossos antepassados, somos adventícios, todos somos forasteiros, viemos de outros lugares. Todos nós vimos nessa terra o chamado da oportunidade; todos nós fomos, de uma forma ou de outra, atendidos nas reivindicações de trabalho, liberdade, bens materiais e intangíveis.

A aceleração da industrialização e do agronegócio nos últimos trinta anos produziu nos supostos paranaenses natos (nós) um sobressalto sensível. Milhares de forasteiros invadiram nossa área, renovaram nossa gastronomia e revigoraram nossas tradições. Nosso folclore é reinterpretado, analisado, dissecado, apreciado, e nossa identificação como paranaenses é aprimorada e ampliada.

Temos muito a comemorar e mostrar em Paranaguá, e nossas escolas participam desta grande festa.

A autora é educadora e presidente da Comissão do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil 

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