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Com Bento na barca de Pedro

Dartagnan da Silva Zanela*

 

Bento XVI, em 24 de abril de 2005, pronunciou a homilia inicial de seu Pontificado. Na mesma data, em 387, Santo Agostinho recebeu o batismo. Dois grandes acontecimentos para cristandade de todos os séculos. Quanto à renúncia do primeiro, nada tenho a dizer. Entretanto, sobre a pessoa de Joseph Ratzinger, profundo conhecedor da obra do filho de Santa Mônica, permitam-me algumas palavras.

De sua obra, enquanto teólogo e como sucessor de São Pedro, devemos destacar três pontos que, penso eu, o mundo ainda não engoliu e demorará algum tempo para digerir. O primeiro versa sobre a urgente necessidade de sermos não apenas católicos no sentimento, mas na fé. Ser católico não é um adjetivo. É substantivo. Substancialidade essa que, devido ao subjetivismo e ao sentimentalismo que infectam os ares modernos, foi sendo esquecida e que, por sua deixa, esvaziou a mensagem vivificante de Cristo e a missão da Igreja no coração de muitas almas incautas.

Segundo: a luta contra o relativismo moral. Em sua primeira Encíclica, a Deus Caritas Est, e bem como nas homilias, pronunciamentos, discursos e livros de sua lavra, ele enfatizou o quanto que essa pestilência corrói ardilosamente os alicerces da civilização. Como bom professor, insistiu incansavelmente no ensino desta lição que urge ser aprendida por todos, principalmente por aqueles que se encontram incumbidos de instruir as gerações mais tenras.

Terceiro: lembrar ao mundo que acima das leis humanas e dos planos pessoais estão as Leis divinas e a vontade de Deus. Três lições simples que foram esquecidas e que nos esforçamos muitíssimo em fazer ouvidos loucos para não ousar aprender este trio de obviedades.

Não há nada que mais ofenda os ouvidos politicamente corretos que ouvir uma voz que clame no meio do deserto midiático a necessidade de deixarmos a soberba para aprendermos, de fato, o que é a Santa Madre Igreja. Os críticos Dela não são poucos, maior ainda o número daqueles que imaginam conhecê-la. Pior! Poucos conhecem minimamente os seus ensinamentos. Para ser franco, nunca conheci um único crítico de Ratzinger que tivesse tido a decência de ter lido, ao menos, uma de suas obras. É que para estes tipinhos a sabedoria é confusamente infusa, o que lhes dispensa o árduo trabalho de estudar.

Quanto ao relativismo moral, e o consequente multiculturalismo, sejamos francos, são armas sorrateiras para minar a moral cristã. Tudo é respeitado, menos o Cristianismo. Bento XVI sabia claramente disso, por isso procurou travar o bom combate contra essa besta que ama fazer pose de bom-moço e, por essa razão, o mundo e seus sequazes o odiavam visceralmente. Bento, de fato, era e é uma pedra nos sapatos desta ordem luciferina que se faz imperar no mundo materialista hodierno.

Não é por menos que num mundo onde ninguém, praticamente, é capaz de falar com seriedade as verdades que desagradam as massas e a opinião publicada, numa sociedade onde a única meta respeitável é a realização hedonística de nossos quereres, é mais do que previsível que um homem da envergadura de Bento XVI seja apedrejado vilmente por alminhas tão boazinhas e tolerantes.

 

 

* professor 

 

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