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Capitalismo sem culpa

Antoninho Marmo Trevisan*

 

Os sintomas de retomada dos investimentos produtivos, inclusive estrangeiros, ainda são incipientes e, com certeza, muito aquém de um montante compatível com os anseios de crescimento mais substantivo do PIB brasileiro e modernização da infraestrutura, decisiva para nosso desenvolvimento. Por essa razão, há algumas lições de casa a serem feitas com urgência para que o País ainda possa capitalizar o sucesso de seus programas de inclusão social, aumento da renda e enfrentamento da crise mundial e deixe de gerar desconfianças.

A primeira grande tarefa é incrementar as concessões públicas, especialmente as que dizem respeito a portos, aeroportos e ferrovias, segmentos nos quais estamos bastante defasados e atrasados. É muito salutar a participação do setor privado nesses grandes empreendimentos, em parcerias com empresas de economia mista, como ocorreu no recente episódio do leilão da reserva petrolífera de Libra, na província do Pré-sal, na qual a Petrobras tem a coparticipação de grandes companhias internacionais.

É necessário oferecer à população, a preços justos, bons e modernos serviços de transporte, logística e mobilidade urbana. Não se concebe que o Brasil siga convivendo com esse atraso crônico na sua infraestrutura, quando se constata que nações infinitamente menores ?avançaram muito mais nessa área vital. Portanto, é urgente que o País assuma o capitalismo sem medo e sem desconfiança, entendendo ser o setor privado parte muito importante no processo de desenvolvimento.

Nesse sentido, as diretrizes das políticas públicas devem ser claras e objetivas. No entanto, quando os governos dão sinais dúbios sobre suas escolhas o investidor fica como o caipira na roça, amuado, a olhar de ‘esgueio’ aquele sinhozinho que lhe dá ordens estranhas. Ou seja, é preciso reconquistar a simpatia do capital estrangeiro, dar-lhe as boas-vindas e tratá-lo com respeito.

Da mesma forma, é preciso premiar, e não punir com mais impostos, as empresas brasileiras que ousaram partir para a conquista de novas nações para instalar seus negócios. Trata-se de relevante e difícil empreitada, ainda no seu início, de transformar companhias nacionais em organizações mundiais. Ora, não é razoável matar a galinha de ovos de ouro quando ela começa a desabrochar como poedeira não é razoável.

Também é necessário olhar nossas empresas em dificuldades de maneira pragmática e não com a mão benevolente, contabilizando as externalidades da quebra de gigantes brasileiras e medindo o custo e os benefícios da decisão para o País. Afinal, quanto está custando de juros ao Brasil o calote das empresas X? Quantos candidatos aos leilões dos empreendimentos de infraestrutura e petrolíferos estão deixando ou deixaram de participar por conta dessa percepção de fragilidade? E quanto estarão exigindo a mais de taxa de retorno pelo risco demonstrado?

Mantendo a identidade de nossa economia, convém lançar um olhar sobre alguns bons e históricos exemplos. Seriam os Estados Unidos tão idiotas ao manterem os incentivos aos bancos e ao setor empresarial? Claro que não! O que leva as economias para frente não são apenas os fatos, mas a percepção que se cria sobre sua situação! Temos de cuidar melhor disso.

O autor é o presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do MBC (Movimento Brasil Competitivo) e do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República).

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