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Arquivamento da ética.

 

Sandro Ferreira

Desde o caso ainda impune pela Justiça mais morosa do planeta, dos desvios financeiros cometidos pelo ex-funcionário comissionado da Câmara Municipal de Ponta Grossa, Rodrigo de Paula Pires, que goza de boa vida no paradisíaco Balneário Camboriú-SC, valendo-se dos mais de R$2,5 milhões subtraídos da conta bancária da Câmara, que a Casa do Povo vive um inferno astral interminável. De lá para cá foram diversos os motivos que colocaram o Poder Legislativo, esta fundamental instituição da democracia, na berlinda perante a sociedade local.

Além do caso esqueleto, houve também a autoritária recusa da legislatura passada, em aceitar o abaixo assinado, que mais de 25 mil ponta-grossensses subscreveram para que fossem mantidas as 15 cadeiras na Câmara, sob a justificativa infame de uma lei municipal (inconstitucional), que exigia em anexo cópia dos documentos dos signatários. Agora, esta Casa inclina-se para outro escândalo ainda pior, pois se percebe uma vacilação quase unânime para não tomar uma atitude dura, porém necessária, contra a vereadora Ana Maria de Holleben, que não só colocou Ponta Grossa em situação vergonhosa na mídia nacional, como obviamente cometeu crimes e quebra de decoro parlamentar, mas que para alguns de seus pares parece não ter cometido uma infração tão grave assim. É o fundo do poço e lamentável sob todos os aspectos, que os vereadores se omitam de suas responsabilidades, seja por compadrio ou covardia. E se a base do prefeito Marcelo Rangel votar pelo arquivamento, estará vestindo a carapuça da cumplicidade, esta que já caiu muito bem em certo empresário pai de vereador, que vive trocando os pés pelas mãos quando articula politicamente.

Em Ponta Grossa, parece que um surto de amnésia acomete os vereadores logo após suas posses, que somada a um corporativismo provinciano, faz com que a maioria se alinhe contra as solicitações da sociedade civil organizada, como se esta quisesse cercear o direito de exercerem livremente seus mandatos. Ocorre que, em regimes democráticos, os eleitores tem o dever de acompanhar, fiscalizar e cobrar aqueles que foram eleitos, durante todo o mandato dos mesmos. Assim como também, se faz preciso esclarecer aos atuais inquilinos da Câmara, que mesmo consagrados pelo sufrágio das urnas, em nenhum momento lhes é outorgado um talão de cheques em branco, para uso indiscriminado e livre de consequências, pelo contrário, ao disputarem um cargo público, todos assumiram compromissos perante aos cidadãos de sua comunidade, que, diga-se de passagem, arcam com os altos custos e privilégios dos três Poderes, na forma de impostos, taxas e multas.

Depois de quase cinco meses da nova legislatura, temos claro e evidente, que a maioria dos veteranos e novatos, não estão realmente interessados nas demandas da população, mas sim no Poder e suas benesses. Como escreveu Maquiavel: Dê poder ao homem e verás quem ele é.

O autor é cidadão de Ponta Grossa.

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