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A trajetória e o legado de Hugo Chávez

Fabio Anibal Goiris*

 

Em 14 anos de governo de Hugo Chávez, os índices de analfabetismo foram reduzidos a zero. Nos últimos dois anos, o projeto ‘Gran Misión Vivienda’ construiu 350 mil casas populares, metade das quais foi edificada em parceria com mutirões de comunidades organizadas.

O número de médicos por 10 mil habitantes subiu de 18 para 58. Só o sistema público de saúde dispõe de 100 mil médicos, dos quais cerca de 30 mil são cubanos que vivem há cinco anos nas favelas que cercam Caracas, oferecendo atendimento gratuito e permanente a milhares de pessoas. A taxa de mortalidade infantil desabou de 25 para 13 óbitos por mil nascidos vivos e 96% da população tem acesso à água potável.

O coroamento dessas políticas sociais implantadas sob o comando de Chávez não poderia ser outro: em levantamento recente, realizado pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) em 18 nações da América Latina e do Caribe, a Venezuela aparece em primeiro lugar como o país com a mais baixa taxa de desigualdade social.

Quem escreveu estes parágrafos com grande acuidade, veemência e espírito democrático é o jornalista e escritor brasileiro Fernando Morais, autor dos consagrados livros ‘A Ilha’, ‘Olga’ e ‘Chatô, o Rei do Brasil’.

Pode-se acrescentar ainda que a burguesia petroleira de velha Venezuela – que estava no poder por mais de meio século – foi arrastada politicamente do poder por Chávez e pelo povo da Venezuela e colocada na berlinda (Chávez ganhou democrática e seguidamente quatro eleições). Este processo fez com que a fortuna e o dinheiro da exploração do petróleo (e da força de trabalho popular) não fossem mais enviados para as contas bancárias particulares de Miami e da Suíça.

Não é à toa, pois, a ira e a fúria da direita reacionária contra Hugo Chávez. Não custa lembrar que Chávez fechou a ‘Rede Globo’ da Venezuela numa reação inédita contra a burguesia da comunicação que costumava a ‘trocar presidentes’ e ‘ensinar o povo a ser democrático’. Por essa razão, a mídia direitista e autoritária do Brasil e do mundo espumava pelas comissuras labiais toda vez que Chávez ganhava mais uma eleição.

É provável que nunca a Venezuela, ou melhor, o povo da Venezuela, encontrou um líder tão comprometido com as causas da democracia; com o socialismo democrático que Chávez batizou de ‘Bolivariano’. A grande contribuição de Chávez é ter deixado claro para o simples cidadão da sua pátria (e de outras pátrias como o Equador, a Bolívia, a Argentina e o próprio Brasil), que os fenômenos humanos – especialmente a permanência da burguesia no poder – são determinados pelas relações econômicas baseadas na exploração do trabalho da maioria pela minoria de uma sociedade. Este, aliás, já foi um legado de Marx; Chávez apenas lhe conferiu uma feição tropical e sul-americana. Ficam, pois, os cartazes espalhados pelas ruas de Caracas (e naturalmente a própria ideia política que deles emerge): Chávez vive. La lucha sigue.

 

*O autor é cientista político e professor da UEPG.

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