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A polêmica das meias entradas

Jorge dos Santos Avila

 

 

 

Ir ao cinema, show, estádio de futebol e bons circos, tem ficado cada vez mais caro. Há quem aponte tal comportamento do preço, como sendo consequência das meias entradas. A meia entrada não é injusta, pelo contrário, foi uma lei criada com o intuito de facilitar a imersão do jovem estudante à cultura e ao esporte, melhorando assim a formação educacional e social da juventude brasileira.

O que ocorre, é que a fiscalização é falha ou inexistente, e se faz necessária. Hoje, promotores de eventos trabalham com um público onde a meia entrada abrange 60 a 70% dos espectadores as vezes até mais. A questão a ser levantada é: qual seria o percentual de carteirinhas estudantis falsas ou vencidas? Qual seria o tamanho do jeitinho brasileiro no que diz respeito à meia entrada?

Imaginemos uma situação hipotética, onde uma peça de teatro tivesse o custo de R$ 30.000,00 (transporte, salário dos artistas, salário do promotor, aluguel do espaço, divulgação, dentre outros), e que haja 1.000 lugares disponíveis nesse espaço e que todos os lugares custem de bilheteria o mesmo preço. Caso fosse feita uma apresentação única, e deixássemos de lado a questão da meia entrada, no final das contas, o bilhete custaria R$ 30,00. Imaginemos então, que dos 1000 lugares, 600 sejam de meias entradas, a R$ 15,00; a arrecadação seria de R$ 9.000,00; com mais  R$ 12.000,00 dos 400 ingressos que pagam inteira, chegaríamos a uma receita de R$ 21.000,00; tendo um saldo deficitário de R$ 9.000,00 para os R$ 30.000,00 do custo inicial dessa situação hipotética.

Quem paga a diferença para que os custos sejam todos cobertos? Todos os espectadores, tanto os que pagam inteira, quanto os que pagam meia entrada. O exemplo serve também para shows, eventos esportivos, circenses e assim por diante. A questão não é combater a meia entrada, a questão é combater quem faz mau uso dela. Caso esse benefício seja utilizado da maneira correta, mais facilmente se chega num preço justo. Lógico que não podemos esquecer que na outra ponta, também há práticas reprováveis, como a falsa promoção travestida de filantropia, onde os preços são jogado nas alturas, e vendidos a meia entrada com a doação de um quilo de alimento.

Dentro desse mesmo tema, existe uma lei estadual de 2002, que garante o meio ingresso em eventos artísticos culturais para doadores de sangue. Ora, se é para incentivar essa prática, a doação de sangue, por que não diminuir imposto X, taxa Y ou contribuição Z para as pessoas que com esse ato estão salvando vidas? Seria uma maneira de garantir uma renda extra, renda essa, que o cidadão teria o poder de escolha de poupar, usar em seu entretenimento, ou gastar como bem entender.

Para que cheguemos a um preço justo em, se tratando de entretenimento no Brasil, é preciso um esforço coletivo, da sociedade em denunciar o mau uso do benefício das meias entradas, dos promotores em relação as falsas promoções, e do estado, fiscalizando e trabalhando em leis que não onerem mais o contribuinte brasileiro.

 

 

 

 

O autor é bacharel em Administração e Acadêmico de Ciências Econômicas (UEPG)

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