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A (má) formação do professor

Acir Camargo

A universidade aprofunda o distanciamento e enraíza-se na alienação dos problemas econômicos e pedagógicos que fundam a escola básica. Questionará não a si, mas as deficiências que aparecem nas medíocres avaliações que utiliza para aferir conhecimento dos estudantes, na gramática, cálculo e raciocínio crítico. Incapaz, mas diante do monstro, sem ter por onde fugir responsabilizará, em primeira mão, os graus que lhe antecedem. Nesse pedantismo, dirá que forma bem os futuros professores.

O caos afeta o seu produto já longe de seus muros, no processo produtivo da educação. Isso é consequência da indiferença do graduado às recomendações dadas no santuário licenciador. O ensino universitário carece ser honesto e autocrítico. Assumir o descaso com a educação e formação de professores, com a tragédia da situação do aprendizado no país, disseminando conteúdos desvinculados, social, política e pedagogicamente.

O conceito de licenciatura é engodo. Está totalmente relegado, repudiado e martirizado pelos cursos que ostentam pomposo nome. Seus coordenadores sequer são portadores de pesquisas e leituras profundas da Educação Nacional, nem aqueles que ministram as demais disciplinas. Não há vínculos reais com a escola fundamental e com seu espaço. A burocracia fundamenta um engodo, o de que ao portar uma experiência qualquer em educação básica, o professor universitário seja por isso educador.

Isso camufla um grupelho nos cursos de licenciatura, detestam a formação de professores, odeiam e se atemorizam com as teorias educacionais, incapazes de combinar o conteúdo específico e a psicologia da aprendizagem e o cotidiano de uma sala de aula. Enfatizam o tecnicismo cientificista, pois o professor universitário é vítima concordante do processo de produtivização do neoliberalismo educacional, e se ele quiser avançar financeiramente terá que se ocupar das teses infinitas, dos projetos não sociais, do individualismo dos projetos. Tudo menos como ser professor. Despreza-se o essencial que constitui o ser do mestre. Na presunção, evitando confrontar-se com a irresponsabilidade na formação, atacam os cursos de pedagogia, os educadores e afirmam o conteudismo de área como valor. Por isso, colocam as disciplinas pedagógicas nos piores horários do curso.

O futuro professor carece sair da universidade, tendo convivido no seu cotidiano, em toda sua grade curricular, capaz de articular os conteúdos científicos com sólida visão antropológica, concepção de ser, ideário social e político e perfeito entendimento dos processos da aprendizagem. Deficiente será a formação na qual as disciplinas específicas não dialoguem, respeitosamente, com as pedagógicas, que são, para a profissionalização sucedida, para o bem dos alunos-cidadãos, as de primeira importância. Nossos licenciados desconhecem completamente o mundo escolar e são impedidos disto pela universidade. É por isso as dificuldades de lidar com o aluno e com o conhecimento, apelação para o senso comum e ao conteudismo nas dificuldades de campo. A Universidade cega mais que ilumina.

O autor é historiador – acirpr@hotmail.com 

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