A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como o “completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. Porém, pesquisam indicam que atualmente cresce o adoecimento mental frente às afecções de ansiedade, depressão, burnout e até mesmo suicídio, denotando uma preocupação importante a nível de saúde pública.
Com relação ao bem-estar físico, podemos entender como sendo a condição geral do corpo em relação às doenças e aspectos biológicos, podendo ainda ser o bom funcionamento do metabolismo do corpo. Já o bem-estar social envolve interações sociais saudáveis e adaptativas, assim como relações de trabalho cordiais e respeitosas, visto que o trabalho ocupa atualmente um importante campo social.
Já a saúde mental deverá ser vista de forma ampliada, não sendo também apenas a ausência de transtornos mentais ou histórico psiquiátrico. Desta forma, é imprescindível que cada vez mais as pessoas construam entendimento sobre os seus próprios sentimentos e emoções, assim como maneiras seguras de cuidar de sua saúde mental, buscando manejar as exigências da sociedade de forma adaptativa para que não adoeçam psiquicamente.
Este cuidado com a saúde mental perpassa diversos contextos, sendo fundamental ter atenção e promover questionamentos que podem guiar vivências que auxiliem em práticas saudáveis. Perguntas como: Quando foi a última vez que tive uma boa conversa com alguma pessoa querida? Quando foi a última vez que procurei um profissional para avaliar meu estado de saúde? Como está sendo meu humor predominante nestes últimos tempos? Como tenho lidado com as exigências de trabalho? Me sinto bem comigo mesmo frente às pressões estéticas? Tenho uma relação saudável com as redes sociais? Quando foi a última vez que tive tempo para mim?
Estes questionamentos são extremamente válidos para servir como referência de quais cuidados com a saúde mental estão sendo necessários. Incluir práticas de lazer e hobbies que tragam bem-estar são ótimas opções para enfrentar as pressões do dia-a-dia. Identificar possibilidades e construir momentos de tempo de qualidade para estar com pessoas queridas também auxiliam na sensação de bem-estar psíquico. Ainda, desenvolver autoconhecimento sobre o funcionamento das próprias emoções e pensamentos é fundamental para uma melhor vivência da saúde mental.
Importante ressaltar que quando existe o interesse na construção deste autoconhecimento ou até mesmo quando se identifica prejuízo importante na saúde mental, procurar um psicólogo para iniciar um processo de psicoterapia pode ser uma escolha assertiva no cuidado da saúde mental. Sendo o psicólogo capacitado para utilizar técnicas e práticas éticas, este profissional irá buscar construir formas mais adaptativas de lidar com as dificuldades cotidianas, assim como identificar quais pontos ocasionam sofrimento psíquico nos pacientes.
Ainda existe muito tabu frente ao cuidado da saúde mental, sendo a procura por psicoterapia muitas vezes protelada por vergonha, sentimento de culpa ou fraqueza. Porém, é importante que estas dificuldades sejam superadas para que ocorra a priorização do cuidado com a própria saúde mental. Buscar clínicas especializadas, profissionais referenciados e indicações de pessoas de confiança são estratégias que podem auxiliar o acesso à psicoterapia.
É comum que muitas pessoas não procurem a psicoterapia por medo de serem julgadas, não saberem o que falar ou até mesmo pensar que suas fragilidades serão expostas. Para isto, a psicologia atua de maneira ética e sigilosa, sendo empregar juízo de valor ou julgamento moral, valorizando que cada pessoa possui uma história de vida única, com suas dificuldades e fragilidades, e estas questões deverão ser acolhidas em psicoterapia sempre com muito respeito e cuidado.
Sobre o autor:
Hélcio dos Santos Pinto
É Psicólogo (UNICENTRO/PR – 2014)
Especialista em Atenção Hospitalar em Urgência e Emergência (UFPR- 2018)
Mestre em Ciências da Saúde (UEPG – 2023)