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A crônica falta de efetivo policial

Terceirizar o atendimento 190, diminuir de quatro para dois anos o curso de formação dos oficiais, transferir ao trabalho operacional os policiais que hoje executam atividades internas, reincorporar inativos nas funções internas e até a operação delegada, que leva os policiais a fazer jornada extra de trabalho à soldo das prefeituras, são medidas em estudo e implementação pela PM paulista para fazer frente à falta de efetivo. Os números não são divulgados, mas sabe-se que é grande o volume de claros nos quadros da corporação que, agora, restam reconhecidos pelas providências em trâmite. Os concursos não têm conseguido preencher as vagas, e é  significativo o número de policiais que pedem baixa.

Além de buscar alternativas para mitigar a falta de quadros, o governo estadual, pelas suas autoridades de segurança pública, planejamento e finanças, deveriam também se debruçar sobre a tarefa de identificar as razões do desinteresses pelos concursos. Se existem vagas, pelo menos teoricamente, é porque são necessárias para o cumprimento da missão. Se tiverem o cuidado de analisar os salários pagos à tropa – é o 22° entre as PMs brasileiras – e as responsabilidades de um policial, logo tirarão suas conclusões. A última vez em que a PM paulista sentiu-se relativamente bem remunerada foi há 20 anos, no governo Fleury. Depois, a política salarial de bônus, adicionais, abonos e ganhos transitórios não incorporáveis, têm apenas tumultuado a vida dos policiais que, desmotivados, quando podem, buscam outras alternativas. Os que ficam, restam desmotivados.

         O policial é um trabalhador diferenciado. Seu trabalho é específico e exige além de treinamento, dedicação, concentração e motivação, atributos que não consegue reunir se estiver com problemas pessoais ou cansado de jornadas extras que é obrigado a fazer para complementar seus ganhos. Pesa, ainda, nessa difícil equação, a falta de assistência do Estado quando são acusados de cometer excessos, o que ocorre frequentemente. Qualquer servidor estatal tem a defesa pelo Estado quando é acusado de falha profissional, mas o policial tem de pagar seu advogado e responde pessoalmente. Isso os poderá levar à desmotivação e ao cuidado para não ter problemas. Dessa situação, o resultado é um trabalho de baixos resultados, mas sem a possibilidade de problemas com os riscos funcionais.

         A classe espera, para qualquer instante, o anúncio de um reajustamento salarial negociado com o governo do Estado pelas suas entidades representativas. Todo o quadro foi apresentado em uma série de reuniões ocorridas nos últimos 30 dias. Está claro que com o atual quadro e política salarial, os problemas da PM paulista não se resolverão. Continuará faltando efetivo e o pessoal disponível, como defesa da própria carreira, poderá restar apático e desmotivado. Pior para a população, que carece dos serviços…

 

Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Associação de Assistitência Social dos Policiais Militares de São Paulo

 

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