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A Copa e a Educação

Wanda Camargo*

 

Entre os acontecimentos políticos e sociais que influenciaram mais decisivamente o sistema educacional brasileiro nos últimos anos, vemos que alguns fatores, significativos para as transformações sociais desde o fim do século XIX, trouxeram uma concepção da obrigatoriedade e qualidade da educação. A abolição da escravatura, a complicada transição entre o regime monarquista e a instalação da república, o conjunto de ideias vigentes na efetivação do estado republicano, a forte influência positivista na concepção da União, a grande crise representada pelas guerras mundiais, a formulação dos Direitos Humanos, o fortalecimento do setor industrial – todos alteraram a forma e o conteúdo do sistema educacional.

Um megaevento da magnitude da Copa do Mundo de 2014, inevitavelmente, trará mudanças importantes na nossa cultura, economia e educação, por transcender em muito a simples competição esportiva. Além disso, cria-se um senso de comunidade e identidade regional, com efeitos benéficos duradouros. Além do interesse que a Copa desperta na imensa maioria da população que gosta de futebol, há um aspecto que diz respeito a todos nós: o salto qualitativo de infraestrutura física que as cidades-sede deverão dar, obrigatoriamente, para ter sucesso nesse evento.

O aspecto prioritário a ser considerado é o da necessidade de todo o investimento que está sendo feito – afinal serão pouco mais de trinta dias de atividades e, se pensarmos apenas na Copa, os gastos podem parecer excessivos, mas o efeito posterior pode compensá-los amplamente. Da mesma forma, é apropriada a qualificação de agentes públicos e privados para atendimento a turistas e cidadãos locais. Funcionários de hotéis, garçons, taxistas, policiais, precisam ter noções de outros idiomas, já que o português é uma língua difícil, até mesmo para os falantes de espanhol.

Além disso, os cuidados básicos em assistência social e planejamento cultural precisam ser disseminados – para conter a exploração de menores, a violência dentro e fora dos jogos, planejar corretamente as grandes festas, garantir a participação de artistas e artesãos locais durante os eventos – e demandam intensa preparação educacional. Para os estudantes e profissionais de Serviço Social, Turismo, Educação Física, Relações Públicas, Jornalismo, Artes e muitas outras áreas, abre-se uma oportunidade única de aprendizado e exercício da profissão.

Um país das dimensões do Brasil tende a ser autocentrado, mesmo em tempos de comunicação global. Receber um número grande de visitantes, vendo-nos pelo olhar do outro, ainda que por pouco tempo, será uma muito bem vinda renovação, um choque de realidade pelo confronto de costumes. Embora seja difícil mensurar exatamente o legado educacional que a realização de uma Copa do Mundo pode deixar ao Brasil, certamente haverá melhorias.

 

A autora é educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.

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