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Após eleição, lideranças querem parceria de Dilma


ALINHAMENTO
Sandro Alex, deputado federal eleito, admite divergências, mas vai buscar apoio de aliados

O resultado final da eleição para a presidência da República, na semana passada, não foi exatamente aquilo que desejava a maioria dos ponta-grossenses. Dilma Rousseff (PT) foi eleita a nova presidente, mas na cidade seu adversário José Serra (PSDB) obteve a maioria esmagadora dos votos, 68,5%, uma das vantagens mais expressivas entre os municípios paranaenses. Passada a disputa, o objetivo das lideranças políticas locais é fazer com que isso não influencie na busca de recursos, obras e programas para o Município.

Uma das principais responsabilidades será de Sandro Alex (PPS), que após muitos anos irá representar diretamente Ponta Grossa e os Campos Gerais na Câmara Federal. Apesar de ter apoiado Serra e de seu partido fazer oposição ao PT, ele acredita em um alinhamento político em favor da região. “O governador Beto Richa defendeu a parceria com o governo federal. A presidente Dilma falou em respeito à oposição. Vai haver divergências, mas temos de procurar o amadurecimento político”, defende.

Uma das tarefas de Sandro na Câmara Federal será viabilizar recursos através de emendas parlamentares. Ele reconhece que essa tarefa é mais fácil para os deputados da base governista, por isso vai buscar alternativas. “Tenho que fazer os critérios técnicos prevalecerem sobre os políticos. E também precisamos saber compor, afinal a política é a arte do diálogo”, teoriza. Para isso, vai buscar o apoio das lideranças ligadas ao governo federal.

Essa mesma parceria é defendida pelo prefeito Pedro Wosgrau Filho (PSDB), que destaca o trabalho do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e da senadora eleita Gleisi Hoffmann (ambos do PT) em favor do Município. “Conseguimos obras importantes junto ao governo federal nesse mandato e acredito que não vá ser diferente agora. Temos bons apoios que certamente continuarão nos ajudando”, frisa.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Márcio Pauliki, além de Bernardo e Gleisi, outras lideranças deverão participar do novo governo, como o senador Osmar Dias (PDT), o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB) e o atual governador, Orlando Pessuti (PMDB). “Eles deverão ser mais um elo entre nossa cidade e o governo federal. O próximo ano será de muitos pedidos e viagens para Brasília”, acredita.

Prefeitos vão pleitear mais recursos

Para os prefeitos, a expectativa é de que o novo governo consiga solucionar ou pelo menos amenizar alguns dos problemas enfrentados todos os anos pelos municípios: a falta de recursos, ocasionada pela redução nos repasses de verba. O presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e prefeito de Castro, Moacyr Fadel (PMDB), aposta no diálogo com os interlocutores paranaenses em Brasília para viabilizar as reivindicações das prefeituras.


APOIO
Moacyr Fadel, presidente da AMP, aposta no diálogo

Moacyr cita como interlocutores os senadores eleitos Gleisi Hoffmann e Roberto Requião (PMDB), apoiadores de Dilma Rousseff durante a campanha. Além deles, ele cita o ministro Paulo Bernardo, que deverá continuar no governo. “Temos um bom relacionamento com todas essas lideranças, que sempre se mostraram comprometidas com a causa municipalista”, ressalta.

Segundo o presidente da AMP, uma das questões a serem discutidas com o governo federal é a reforma tributária, cujo debate vem se arrastando há anos. Os prefeitos defendem um novo modelo de distribuição das receitas, com os municípios fazendo parte das contribuições. “Isso resolveria o problema da queda no FPM [Fundo de Participação dos Municípios], que os prefeitos enfrentam todos os anos”, observa.

Outra discussão que se arrasta há anos em Brasília é a regulamentação da chamada Emenda 29, que redefine a aplicação de recursos na saúde pelos entes federativos. “Hoje o ônus é todo dos municípios”, lembra Moacyr. O prefeito também pretende discutir com a União o pagamento de emendas parlamentares referentes a algumas obras cujos projetos estão em andamento, mas não podem ser executadas. (A.G.)

Petista só venceu em quatro cidades

Não foi apenas em Ponta Grossa que o candidato do PSDB à presidência, José Serra, venceu com facilidade. Das 19 cidades que fazem parte da Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG), em 15 o tucano terminou à frente. Em 10 municípios, a votação recebida pelo candidato superou 60% do total.

A vantagem maior foi registrada em Ponta Grossa, onde Serra obteve 68,5% dos votos. Já a menor foi em Ventania, onde o candidato venceu com 51,9%. A presidente eleita Dilma Rousseff venceu apenas nos municípios de Imbaú, Ipiranga, Reserva e São João do Triunfo. Em Ortigueira foi registrada a vantagem mais expressiva: 63,7% dos votos.

Os números da disputa presidencial mostraram que não houve um grande atrelamento com a eleição para o governo do Estado. Enquanto o governador eleito Beto Richa (PSDB) apoiava Serra, o derrotado Osmar Dias (PDT) fez campanha para Dilma. E na disputa pelo governo os números foram bem mais equilibrados: enquanto o tucano venceu em dez cidades, o pedetista ficou em primeiro em outras nove.

Outro fato a ser considerado nos resultados é a influência dos prefeitos na escolha dos eleitores. Dilma venceu em Imbaú e São João do Triunfo, cidades administradas pelo PT. Porém, perdeu em Jaguariaíva, onde o prefeito Otélio Baroni também é petista. Em Ortigueira, situação inversa: administrada pelo tucano Geraldo Magela do Nascimento, a petista teve seu melhor desempenho.

Dilma também foi derrotada em Telêmaco Borba e Tibagi, cidades onde os prefeitos têm forte ligação com o governo federal. Em Tibagi está a obra federal mais expressiva da região, a Transbrasiliana. Já Telêmaco Borba foi a única cidade dos Campos Gerais a ser visitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos seus oito anos de mandato. (A.G.)

Infraestrutura é principal demanda

Em termos de obras, não são poucas as demandas de Ponta Grossa e região junto ao governo federal. A obra de maior vulto foi citada durante o segundo turno da campanha presidencial: a construção de um rodoanel no entorno de Ponta Grossa, desviando assim o tráfego da área urbana. O projeto é estimado em R$ 400 milhões.

O projeto foi apresentado ao candidato José Serra durante sua visita a Ponta Grossa. O tucano se comprometeu não apenas com essa obra, mas também com a reforma do Aeroporto Sant’Ana, que poderia ser utilizado como uma alternativa a Curitiba. Posteriormente, a senadora eleita Gleisi Hoffmann também assumiu compromisso com as solicitações. De acordo com ela, o rodoanel deve ser incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), enquanto a readequação do aeroporto também será estudada.

Outros projetos foram levados pelo prefeito Pedro Wosgrau Filho ao governo federal no atual mandato e ainda aguardam um encaminhamento. É o caso da construção da Maternidade Municipal e da reforma dos principais acessos viários do Município. De cinco acessos visados, apenas um teve as obras autorizadas e iniciadas.

Fora de Ponta Grossa, a principal obra pleiteada junto ao governo federal é a conclusão da BR-153, a Transbrasiliana. O trecho entre Ventania e Alto do Amparo, iniciado há três anos, está praticamente concluído. O desafio agora é a continuidade do trajeto, entre Alto do Amparo e Imbituva. (A.G.)

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