Fabio Anibal Goiris
É provável que o exemplo mais destacado da poesia lírica e romântica originada na cidade recaia genealogicamente na figura de Anita Philipovsky que nasceu em Ponta Grossa em 1886 e faleceu em Natal RN- em 1967. A obra de Anita foi lembrada (ou melhor, dissecada) pela professora de Literatura da Uepg Luísa Cristina dos Santos no livro: Anita Philipovski a Princesa dos Campos.
A grande expressividade poética de Anita Philipovsky está presente no célebre verso Os poentes da minha terra. Este poema representa um dos seus legados mais carismáticos e uma das mais belas expressões líricas dedicada à cidade de Ponta Grossa (e que está exposta numa das paredes do Centro de Cultura da Rua Dr. Colares):
Os poentes da minha terra
São belos,
Tão belos,
Mas tão belos
Como nunca ninguém viu fora daqui.
Uns são roxos… outros amarelos…
Outros de bronze com pedrinhas de rubi…
Outro autor de grande expressão foi Eno Theodoro Wanke. De profissão engenheiro nasceu em Ponta Grossa em 1929 (e faleceu no Rio de Janeiro em 2001). Suas primeiras poesias apareceram em 1953 no livro Nas minhas horas; depois vieram as obras Microtrovas (1961), Os homens do planeta azul (sonetos, 1965), Os campos do nunca mais (poesia, 1967), Via dolorosa (sonetos religiosos, 1972) e A trova popular (1974). Escreveu poemas sobre diversos temas, destacando-se a sua permanente homenagem à cidade de Ponta Grossa:
Eu canto os Campos Gerais
Os campos cor de esperança
Por onde eu andei criança,
Os campos do Nunca Mais!
Eno Theodoro Wanke produziu frases admiráveis que marcaram sua passagem como autor: Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente. Eno Wanke escreveu em 1999 o livro Faris Michaele, o Tapejara enaltecendo a obra de Faris. Saliente-se que Tape (caminho) jara (dono) é a pessoa que domina e apreende para si o caminho, ou seja, é o guia intelectual, o baqueano. Por fim, no poema Vento, Eno Theodoro Wanke expressa também o seu lirismo regionalista especialmente quando descreve os afamados ventos (ou ventanias) tão típicos dos Campos Gerais:
A ventania desperta
Na sua nuvem, cavalga
Os campos, e desce, e galga
Colinas, doida, liberta!
O autor é cientista político e professor da UEPG.