Sandro Ferreira
Mesmo Ponta Grossa tendo sido abençoada por uma natureza incomum e diversificada, retribuímos muito mal esta benção, afinal, moramos numa cidade com extensos arroios e córregos cortando todo o perímetro urbano e rural do município, que poderiam ser um valioso ativo ambiental, urbanístico e turístico, mas que hoje estão em grande parte poluídos. Também é de doer ver pessoas de todas as classes sociais, inclusive em automóveis de luxo (o que em tese traria alguma vantagem de informação) jogando lixo em vias e passeios sem o menor constrangimento. Uma falta de educação imperdoável em pleno ano de 2011, visto que jogar lixo nas ruas equivale a jogar lixo no chão da própria casa, já que a cidade é (ou deveria ser) a extensão do lar. Talvez devêssemos fazer como é no Japão, onde uma simples bituca de cigarro jogada numa calçada, acarreta numa multa equivalente à quase R$ 200,00. Aí quem sabe pudéssemos ter o prazer de viver com ruas, calçadas, acostamentos e bueiros limpos. Mas, é difícil de exigir da população, quando nem os espaços públicos são cuidados com o devido esmero.
O que podemos dizer do estado de abandono da Estação Ponta Grossa (popularmente Estação Saudade), Patrimônio Cultural de Ponta Grossa? Ou da maneira em que se encontra a Rua Bonifácio Vilela, no espaço Avenida München, virada numa terra sem lei, aonde traficantes de crack, bandidos e baderneiros agem nos finais de semana sem serem “perturbados” pela polícia? Lamentável para uma rua com propósitos de lazer e turístico. Apesar de haver verbas públicas para se construir, comprar ou mesmo alugar tantos elefantes brancos superfaturados por aí, o nosso Museu Campos Gerais, um prédio de inestimável valor histórico, encontra-se interditado há quase sete anos, escorado por tapumes e andaimes para sua fachada e teto não desabarem. Um completo absurdo, visto que, quando o prédio do Museu Municipal, aonde deveriam estar sendo preservadas as memórias documentais dos nossos antepassados e por consequência, parte significativa da História destes 188 anos de existência de Ponta Grossa, está sendo relegado a terceiro plano e a comunidade não se questiona, nem se indigna, então é porque algo de muito errado acontece por aqui.
Em todos os lugares civilizados, museus são locais quase sagrados, e, diga-se de passagem, ficam abertos e lotados, tanto aos domingos, como nos feriados. Aniversários são datas para se comemorar, mas também, um chamado à reflexão.
O autor é bacharel e consultor de Turismo