Nos últimos dias, tivemos anúncios, promessas e dúvidas no mercado financeiro. O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixou claro seus planos de colocar a casa em ordem e tentar reestruturar, na medida do possível, a bagunça fiscal chamada Brasil. Vamos aos fatos e opiniões:
Impostos subiram e devem continuar subindo na tentativa de entregar o superavit combinado, uma vez que o corte de custos não foi suficiente. Não foi suficiente porque é uma decisão mais política do que técnica, sendo assim, ficamos nas mãos de quem busca votos e não racionalidade. Não significa que voto e racionalidade sejam antagônicos, mas sim difíceis.
Anúncios de reformas no sistema de concessão de crédito do BNDES. Agora, caso os grandes projetos queiram financiamento com juros subsidiados, deverão utilizar o mercado de capitais para emitir debêntures. Dessa forma parte da dívida da empresa se torna um título de renda fixa para o investidor privado.
Taxa de juros em 13,75%. O mais alto patamar desde 2008, demonstra claramente a incapacidade crônica dos últimos governos de lidar com a inflação e com o estímulo ao mercado de capitais ao longo do plano real.
Temos (e sempre tivemos) um governo preocupado somente consigo mesmo. O que Levy fez, de forma sutil, foi mostrar isso ao público. Criou-se um clima de insegurança e queda de popularidade da presidente Dilma: prato cheio para políticos de plantão buscando um lugar ao sol. As pautas realmente importantes (e dolorosas) são jogadas para segundo plano.
Levy é como um excelente mecânico consertando um carro velho com motor prestes a fundir, mas sem permissão para tocar no motor. Consertar o motor não é do interesse dos donos da lata-velha, pois a ideia principal é vender o veículo para o próximo (eleito) com o máximo de lucro possível e mexer no motor é caro. Esse é o Brasil do ajuste fiscal.
Dúvidas, críticas ou sugestões para as próximas colunas? Envie um e-mail para [email protected]