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Idosos merecem maior atenção contra o coronavírus

Faz um ano e três meses que os filhos do Dr. Rafael não visitam os avós, em Santa Catarina. Eles iriam na próxima semana. Mas não vão mais. O médico sabe que esse é, provavelmente, o pior momento para visitar seus pais.

Por algum motivo que a ciência ainda não entende, as crianças são mais resistentes ao Covid-19, e muitas vezes nem apresentam sintomas. Já os idosos, são um grupo de risco. Os filhos do Dr. Rafael precisarão esperar mais um pouco, até que visitar os avós seja mais seguro. Confira a entrevista com Rafael Francisco dos Santos, médico otorrinolaringologista, professor de Medicina na disciplina de otorrinolaringologia da UEPG e que atende na clínica O1 Saúde.

 

Diário dos Campos: Crianças e idosos. Qual é a diferença no contágio?

Dr. Rafael: O vírus atinge o sistema respiratório. Causa uma síndrome gripal. Na criança, a ação do vírus não é tão agressiva. Passa por um resfriado comum, enquanto que, no idoso, o vírus causa reação no pulmão e leva a insuficiência respiratória, necessidade de ventilação artificial. O pulmão da criança está mais resistente. Ainda não se sabe por quê.

 

DC: Então, não é bom o contato de crianças com idosos?
Dr. Rafael:
Não é o momento adequado. A criança está com poucos sintomas, mas carregando o vírus. E aí vai visitar o avô, volta em três dias boa, mas com o avô na UTI. A criança apresenta menos sintomas que os demais, diferente do que ocorre com o Influenza.

 

DC: E como os idosos devem agir?

Dr. Rafael: Devem evitar contato com muita gente, deslocamentos desnecessários. E as demais faixas etárias também devem evitar o contato com pessoas acima de 60 anos. Na população geral a mortalidade não é elevada. Em termos gerais em torno de 2%. Nos idosos, a mortalidade salta para algo entre 6% e 7%.

 

DC: Como todos podem se prevenir?

Dr. Rafael: Ventilação. Deixar o ambiente aberto para que o ar circule, lavar as mãos sempre que chegar da rua para casa. Espirrar no braço – a chamada etiqueta respiratória. Evitar toque, contato. Não compartilhar talheres e tentar segmentar a toalha de rosto se tiver pessoas com suspeita em casa.

 

DC: O álcool gel funciona mesmo?

Dr. Rafael: Sim. Se você tocou na maçaneta, corrimões, usou o teclado do computador, já usa o álcool gel. Evite colocar mãos no rosto, porque muitas vezes o vírus está na mão. Em média, uma pessoa leva a mão ao rosto 20 a 23 vezes por hora.

 

DC: Como reconhecer os sintomas?

Dr. Rafael: Tosse, catarro no peito e falta de ar. Mas, se está com sintoma de gripe e resfriado, não vá imediatamente ao médico. Se puder, busque orientação com o médico por mensagem e telefone. Só saia para atendimento se tiver febre alta. Nessa hora se recolher é a melhor maneira.

 

DC: Quais ações devemos adotar ao ir procurar atendimento?

Dr. Rafael: Quando a pessoa tem sintomas e sai de casa procurar atendimento, já deve sair com máscara. Ela só serve se já houver sintomas, para evitar a transmissão para os demais. E a pessoa não deve ir trabalhar ou para a escola se estiver gripada ou resfriada.

 

DC: Qual é o maior aliado contra o novo coronavírus?

Dr. Rafael: Higiene. Mas também não tem como evitar que a epidemia chegue ao Brasil. Todo o arsenal público e privado em saúde está sendo investido para uma curva menos alta e menos intensa. O vírus já chegou. No Brasil os picos de gripe sempre são no inverno, e nós ainda estamos no verão. Isso deve servir como atenuante para que a epidemia não seja tão intensa.

 

7 DIAS

A prefeitura de Ponta Grossa informou, ontem, que as pessoas infectadas devem permanecer ao menos sete dias em isolamento, sem ir ao trabalho ou escola. O município ainda não tem nenhum caso confirmado.

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