A Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) abriu um procedimento para apurar as circunstâncias do desfile cívico realizado em Piraí do Sul no último domingo (18) e que causou polêmica. O Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) e o Núcleo da Infância e Juventude (NUDIJ) abriram um procedimento preparatório para, caso necessário, ajuizar uma ação civil pública contra os órgãos responsáveis pelo ato.
Durante desfile cívico em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, crianças negras aparecem vestidas de escravos. A atitude gerou acusações de racismo. Os núcleos vão cobrar explicações do município sobre o episódio.
Os coordenadores do NUCIDH e do NUDIJ, defensores públicos Antonio Vitor Barbosa de Almeida e Fernando Redede Rodrigues, classificaram o ato de colocar crianças negras no desfile para representarem pessoas escravizadas como de extrema gravidade.
“É com preocupação e espanto que o NUCIDH vê a utilização das crianças negras acorrentadas para remeter a fatos históricos escravagistas em pleno desfile cívico sobre a independência do Brasil. Num desfile cívico que celebra a independência do Brasil, deveriam ser exaltadas a cidadania e igualdade, e não o reforço a estereótipos”, afirmou Almeida.
Contexto
Na mesma parte do desfile que causou polêmica, colonizadores e a família real portuguesa foram encenados por crianças brancas. No início da noite de segunda-feira (19), a Prefeitura se manifestou por meio de nota oficial. “O Desfile Cívico visava ao resgate de valores como civismo. […] As escolas possuem autonomia para manifestações. […] O Município entende que em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros, nem se destinou a qualquer desrespeito à dignidade da pessoa humana. Levando-se em consideração o contexto, tanto do momento do desfile quanto das ações cotidianas da escola, repudia-se qualquer menção ao racismo ou outra forma de preconceito”.