Após bater recorde e se aproximar de R$ 8 em Ponta Grossa – superando até mesmo o litro da gasolina comum – o preço do litro de leite UHT deve voltar a baixar em todo o Paraná e região Sul.
Aliás, essa queda já iniciou: nesta quarta-feira (24), de acordo com o App Menor Preço, que utiliza a plataforma do programa Nota Paraná, o litro de leite pode ser encontrado por R$ 4,99 em diversos mercados da cidade, enquanto que o litro mais barato da gasolina comum encontra-se a R$ 5,17 (no posto Grenal/Rede Juninho, na Av. Souza Naves).
E, em setembro, a queda pode ser ainda maior, já que no inverno a produção costuma ser encarecida por não haver produção dos grãos utilizados na ração das vacas, os animais produzirem menos leite e as pastagens não estarem 100% devido ao clima. Com a chegada do calor, esses fatores devem ser minimizados – e o preço do leite pode baixar ainda mais.
Variação
De acordo com o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), o valor de referência – usado como base na negociação entre produtores e indústrias – registrou alta de 17,2% para o litro de leite padrão entregue em julho, pago em agosto. Nas últimas três semanas, no entanto, o setor recuou consecutivamente, encolhendo 10,4%.
“Para julho, tínhamos expectativas de preços recordes. Esse alta se confirmou, mas em agosto o mercado virou. Agora, estamos verificando um recuo gradativo em derivados importantes”, disse o vice-presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi, reunião de ontem (23) do Conseleite-PR.
“Além disso, neste ano, temos tido uma menor captação em relação a anos anteriores. Isso corrobora para preços mais elevados”, explicou.
Derivados
O preço do leite impacta em todo o mercado de lácteos, mas os derivados também são atribuídos a outros fatores.
Para Volpi, a interrupção na sequência de altas se deve ao desempenho de produtos como muçarela, leite UHT e queijo prato – três itens mais comercializados no Paraná e que exercem um peso maior no cálculo do valor de referência do leite. Após terem tido alta expressiva em julho, esses derivados tiveram queda significativa em agosto: o UHT despencou 17%; o muçarela caiu 10%; e o queijo prato, 4,7%. “Ainda assim, esses produtos seguem com valores nominais bem acima dos registrados no início do ano”, observou.
Alguns derivados que não têm comercialização tão expressiva perderam menos preço. É o caso do requeijão, que permaneceu estável; do parmesão, que recuou 1,2%; da bebida láctea, que teve queda de 1,1%; e do creme de leite, de 2,1%. Apenas quatro itens do mix de comercialização mantiveram a alta: leite pasteurizado (2,4%); leite em pó (12,2%); doce de leite (4,2%); e iogurte (2,1%).
Volpi, avalia que, por um lado, a queda está atrelada ao poder aquisitivo da população. Por outro, o vice-presidente do Conseleite-PR mencionou o momento difícil pelo qual passa o setor, pressionado por aumentos consecutivos dos custos de produção e desafios externos.
“Temos enfrentando uma série de dificuldades, começando por questões climáticas, desestímulos ao setor, culminando com muitos produtores abandonando a atividade. Neste momento, reputamos que essa queda tem a ver mais com o fato de os preços terem batido no teto para o consumidor do que com questões relacionados à produção”, avaliou.