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Pesquisa sugere que 97% das vítimas de estupro em PG não denunciam

Questionário com 37 mulheres trouxe estatística que aponta problema da subnotificação dos crimes sexuais

Foto de Laura Tozetto Goes
A egressa da UEPG, Laura Tozetto Goes, é a autora da pesquisa

A luta pela proteção de mulheres vítimas de violência ganhou colaboração da aluna egressa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Laura Tozetto Goes. Durante Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Direito, a acadêmica analisou o problema da subnotificação do crime de estupro, em busca dos motivos pelos quais as vítimas não reportam o crime às autoridades. A pesquisa sugere que 97,3% das mulheres vítimas de estupro em PG que responderam a questionário não acionaram as autoridades.

Vítimas de estupro em PG

Laura realizou uma pesquisa de campo, por meio de um questionário on-line; destinado mulheres cis gênero; para professoras e alunas matriculadas no ano letivo de 2021 na UEPG, que foram vítimas de estupro. O objetivo era saber se elas reportaram o crime às autoridades responsáveis. De 37 mulheres que responderam ao questionário, somente uma informou ter acionado a polícia, revelando que 97,3% delas não havia informado as autoridades. A pesquisa também mostrou que nenhum passou pelo exame de Corpo de Delito, procedimento necessário para a continuidade do processo contra o agressor.

Confira abaixo a pesquisa na íntegra

Subnotificação

O estudo apontou subnotificação do crime, que se deve principalmente à falta de informação e ao julgamento da sociedade, de acordo com Laura. “Após análise da amostra coletada, foi possível observar que a maior parte das participantes não reportou o crime à polícia”, explica a egressa. O motivo mais assinalado foi que a vítima não reconheceu que passou por um crime de estupro. “Esse crime muitas vezes ocorre pelo fato dessa pessoa ter sofrido a violência quando criança, menor de 14 anos, ou jovem, de 14 a 19 anos”, adiciona.

Vítimas vulneráveis

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2020), 70,5% das vítimas de estupro são vulneráveis. “Nessas faixas de idade, provavelmente a maior parte das vítimas não tem conhecimento suficiente para identificar que aquilo que ocorreu foi uma violência sexual”. O trabalho apontou que a maioria das participantes sentem vergonha ou culpa pelo que ocorreu. “Esse fato possivelmente ocorre devido ao próprio pensamento da sociedade. Dessa forma, a ofendida é culpabilizada pelo que ocorreu e sente vergonha de ter sido vítima”.

O medo de que não acreditem no seu relato foi o terceiro motivo mais colocado pelas participantes da pesquisa. “Isso pode ocorrer pelo fato de que existe uma visão de um homem estuprador como um monstro, uma pessoa doente, violenta, sozinha. Então quando aquela mulher afirma que o indivíduo a estuprou, a população tende a olhar a vida pregressa do agressor, seu trabalho, seu visual, sua família e percebem que ele é alguém ‘normal’ e que a princípio nunca faria isso”, ressalta. (com informações da assessoria de imprensa da UEPG)

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