Na comemoração de 198 anos de Ponta Grossa, o presente almejado pela administração pública pode vir atrasado, mas será muito bem-vindo. A Escola de Sargentos das Armas (ESA) é um dos motes do Poder Executivo para o desenvolvimento municipal a longo prazo. As cifras falam alto. O investimento do Exército Brasileiro está na ordem de R$ 1,2 bilhão e a folha de pagamento total chega a R$ 250 milhões. A próxima reunião do Alto Comando Militar está prevista para 16 de outubro.
Este encontro reúne os principais nomes do Exército. Entre eles, o comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que esteve na cidade em julho. Apesar do agendamento da 339ª Reunião do Alto Comando do Exército (RACE) para o próximo mês, fontes ligadas ao Exército e consultadas pela reportagem dão conta de que existe possibilidade de novo adiamento da decisão. Nesse caso, a escolha entre Ponta Grossa, Santa Maria e Recife ficaria para novembro.
O presente atrasado não seria problema. A vinda da ESA representaria um divisor econômico para Ponta Grossa, região e Paraná. “É uma cidade dentro da cidade”, constata a prefeita Elizabeth Schmidt, visto que representaria crescimento populacional de 8 mil a 10 mil habitantes.
“Quando o Exército anuncia um investimento desse porte, é algo para no mínimo 50 anos”, disse o governador Ratinho Júnior, que dá apoio incondicional à candidatura ponta-grossense.
Atualmente, a Escola de Sargentos de Armas forma oficiais especializados em operações bélicas e está sediada há mais de 70 anos em Três Corações, Minas Gerais. No entanto, ela pretende ampliar a abrangência e até duplicar o número de militares formados.
Contrapartidas
Com a intenção de obter o bilionário investimento e ter aporte do milionário giro econômico, Ponta Grossa precisou mostrar ao Exército Brasileiro que tem condições estruturais de receber a Escola.
Além de demonstrar potencialidades, a principal cidade dos Campos Gerais, em conjunto com o Governo do Estado, garantem contrapartidas aos oficiais: doação de quatro terrenos urbanos com área total de 35.000m², cessão de hangar no Aeroporto Sant’Ana com 362m² de área construída e 16.307m² de área não edificada, ampliação da operação do aeroporto, cessão de imóvel com 6.202m² para o estabelecimento do hospital de guarnição, cessão de imóvel para estabelecimento do Colégio Militar de Ponta Grossa ou núcleo do Colégio Militar de Curitiba e reforço de vias dos acessos à nova ESA.
Além disso, o chamariz da candidatura de Ponta Grossa é o terreno de 37,5 km² para a construção da Escola de Sargento das Armas. Está acertada com a Embrapa a permuta do espaço, que fica a oeste da Rodovia do Talco. Litígios possessórios da área não são considerados entraves, visto que estão a leste da mesma rodovia. A área reservada está avaliada em meio bilhão de reais.
De acordo com o General Carlos Assumpção Penteado, comandante da 5ª Divisão do Exército, a região de Ponta Grossa possui todas as organizações militares necessárias para a boa formação de um sargento: todas as armas da infantaria, todas da cavalaria, todas de artilharia e todas da engenharia. “Um sargento nosso estará em uma área completa para formação nesses aspectos”, destaca.
Escolha é por consenso do Alto Comando
Na Reunião do Alto Comando do Exército Brasileiro, os oficiais expõem e analisam por completo o relatório produzido por militares do setor técnico. Desde o início do ano, sucessivas visitas a Ponta Grossa e demais cidades concorrentes aconteceram. Em parte delas houve coleta de dados sobre a área destinada e em relação à infraestrutura das três cidades concorrentes. O Alto Comando coloca ‘sobre a mesa’ potencialidades e fraquezas de cada uma. Tudo em sigilo. O consenso após a apresentação final é o que estabelece a escolha.
A forma de divulgação da decisão, no entanto, não está definida. Ela pode ocorrer repentinamente logo depois de uma das reuniões ou mesmo ser determinado evento para tal. Afinal de contas, são raros anúncios deste porte.