Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o registro do momento em que pescador captura um peixe da espécie tucunaré, supostamente retirado das águas do Rio Tibagi. O fato chama a atenção porque o tucunaré é uma espécie exótica carnívora, que pode causar danos à população de outros peixes da região.
As imagens foram compartilhadas sem identificar de forma mais precisa a autoria e a localização, por isso o Diário dos Campos e portal dcmais buscou quem pudesse esclarecer se, de fato, o tucunaré já pode ser encontrado na Bacia Hidrográfica do Tibagi.
Ricardo Johansen é engenheiro agrônomo, conselheiro do Comitê de Águas do Rio Tibagi, e representa a Associação dos Aquicultores dos Campos Gerais – entidade que atua na criação de peixes em tanques fechados. Pesquisador da área, ele diz que a presença do tucunaré no Rio Tibagi já é uma realidade na região.
“Ele é nativo das bacias do Norte, como Tocantins e Araguaia. E, por alguma motivo, migrou para a Bacia do Paraná, a partir de onde vem subindo o rio. Ele se desenvolveu bem em barragens e chegou à foz do Tibagi há pelo menos cinco anos, após se instalar no Reservatório de Capivara”, garante Johansen. Ele se refere ao Rio Paranapanema, na região do município de Primeiro de Maio onde, segundo o pesquisador, a pesca do peixe já ocorre o ano todo.
Deslocamento
O grande mistério é saber como o peixe chegou à região dos Campos Gerais, onde ainda existem em pequena quantidade. Ele vem subindo o rio, ultrapassando barragens de hidrelétricas. Uma das teorias é que, em tempos de piracema, as aves que se alimentam dos peixes estejam transportando as ovas entre um ponto e outro do rio, permitindo que a espécie se espalhe.
“Ele já foi visto, por exemplo, na Represa de Mauá, em Telêmaco Borba. É uma espécie voraz que vai gerar um desequilíbrio, que não sei dizer qual será. Não há estudos que comprovem como isso ocorre. O tucunaré está no no ápice da cadeia alimentar, mas seus ovos também alimentam os lambaris e traíras, que são nativos da região. Então, apesar de chegar até aqui, o tucunaré ainda vai encontrar alguma resistência para sua reprodução”, diz.