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Caso Nathalia Deen: acusado de feminicídio senta no banco dos réus

Nathalia Deen estava prestes a se formar no curso de Agronomia da UEPG quando foi assassinada. Foto: Arquivo Pessoal

Mateus Gonçalves, acusado de matar a ex-namorada Nathalia Deen e esfaquear o irmão da vítima, Carlos Deen, vai a júri popular nesta terça-feira (15) no Fórum de Ponta Grossa. A sessão ocorrerá de forma presencial, mas com protocolos específicos por conta da pandemia da covid-19. Uma das medidas é a ausência do réu, que permanece preso há mais de dois anos e será ouvido por videoconferência como forma de evitar a contaminação pelo coronavírus.

A expectativa é que o julgamento leve o dia todo. Serão ouvidas pelo menos nove pessoas. Além do interrogatório de Mateus, os jurados vão escutar versões de sete testemunhas, sendo três de acusação e quatro de defesa. Também deve se pronunciar Carlos Deen – ex-cunhado do réu e que foi gravemente ferido no ataque do dia 6 de abril de 2018.

A sessão também deve se prolongar nos debates. As duas partes vão discutir dois fatos: o assassinato de Natalia e a tentativa de homicídio contra Carlos.

“Vamos trabalhar para que o réu seja condenado no homicídio, com as quatro qualificadoras da pronúncia, e na tentativa em relação ao Carlos, com as três qualificadoras listadas”, pontua a assistente de acusação, Giovane Deen. Ela é tia das vítimas e foi uma das poucas familiares que apareceu em público após a tragédia que abalou a família da cidade de Castro.

As qualificadoras citadas pela assistente de acusação são motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio no caso da morte de Nathalia. Já na tentativa contra Carlos Deen são considerados o meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e a agressão para assegurar a execução de outro crime.

A pena pelo homicídio qualificado começa em 12 e vai até 30 anos. No caso de tentativa é considerada a pena de homicídio com redução de um a dois terços.

Questionada sobre o posicionamento perante o júri, a defesa de Mateus Gonçalves não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.

Em janeiro deste ano, a defesa tentou a anulação do processo. A alegação é de que não foram realizados exames psiquiátricos e psicológicos no réu, bem como pela não juntada dos laudos dos aparelhos celulares apreendidos. A justiça não acatou a solicitação.

Testemunhas

Durante o processo foram arroladas 12 testemunhas e oito participam da sessão desta terça-feira. Entre elas, colegas de universidade do ex-casal, funcionários da UEPG, o porteiro do condomínio em que o assassinato ocorreu, policiais que atuaram no dia do crime e o próprio irmão de Nathalia, Carlos Deen.

O crime

Os fatos ocorreram entre os dias 5 e 6 de abril de 2018. Mateus Gonçalves, com 22 anos na época, havia visto a ex-namorada, que era sua veterana no curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em um bar no Centro da cidade. Eles estavam no mesmo local, mas com grupos de amigos diferentes. Horas depois, quando todos já haviam deixado o bar, o rapaz teria começado a telefonar para a ‘ex’ com insistência.

No início da madrugada, por volta das 3h, o acusado foi até o apartamento onde Nathalia morava, em Uvaranas, e ficou na portaria. Pelo relacionamento que tivera com a moça, Mateus era conhecido dos porteiros.

Após 36 telefonemas não atendidos e mensagens ofensivas ignoradas pela vítima, o estudante invadiu o apartamento por volta das 6h da manhã e assassinou Nathalia, de 23 anos, a facadas. O irmão da moça, que tinha 19 anos, tentou evitar, mas foi ferido com gravidade também com uma faca.

Mateus Gonçalves fugiu do local pulando o muro do condomínio sem ser visto. No início da manhã, ele foi encontrado dentro de uma sala no Bloco M da UEPG. O rapaz tinha sangue por todo o corpo e estava com cacos de vidro fincados na mão. O estudante recebeu atendimento médico e acabou preso no dia 11 ao sair do hospital.

Nathalia Johanna Deen, que se formaria em Agronomia naquele ano, foi sepultada no Cemitério da Castrolanda, em Castro, no dia 7 de abril. Os pais Suzana e Albertes ficaram inconsoláveis com a perda e viveram mais dois dias de angústia até Carlos Deen receber alta da Santa Casa de Misericórdia, em Ponta Grossa.

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