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Cenário econômico tem cinco problemas, afirma economista

Abrindo as palestras do Fórum Empresarial 2015, evento do Diário dos Campos e da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), o professor José Pio Martins falará sobre Cenário Econômico e Competitividade. A palestra será na próxima quinta-feira (16) no auditório do Hotel Slaviero. Os convites gratuitos devem ser retirados na sede do DC e as vagas são limitadas.

Economista, o professor desenvolveu sua carreira basicamente no setor privado, com passagem em cargos públicos. Atualmente é reitor da Universidade Positivo, comentarista econômico da Rádio CBN Curitiba, articulista e autor de livros.

Na palestra, Pio Martins falará sobre os grandes problemas que o Brasil enfrenta, entre eles o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para o economista, a competitividade está em foco, tema este, aliás, que não deve ser encarado pelas empresas de modo individual.

O professor considera arriscado pensar nas empresas a curto prazo e acredita que há mercado para todas, inclusive para quem está pensando em entrar para o ramo empresarial. As oportunidades são criadas conforme a demanda por produtos e serviços. Confira a entrevista.

 

DC- Qual análise é possível fazer hoje do cenário econômico brasileiro?

PIO – O Brasil tem cinco grandes problemas: o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a inflação, o deficit externo (contas do país com o resto do mundo), o deficit fiscal (em todos os níveis: municípios, Estados e União) e o desemprego em elevação.

DC – Qual o maior desafio econômico do Brasil hoje?

PIO – O maior desafio é criar as condições para enfrentar aqueles cinco grandes problemas. As condições referem-se à questão política e à questão econômica. Na política, temos uma presidente da República fragilizada diante do Congresso Nacional e com alta rejeição popular. Na economia, a maior dificuldade é o inchaço de todo o sistema público, que impede redução do gasto governamental de forma significativa.

DC – Os empresários precisam estar atentos às transformações econômicas? Por que?

PIO – Hoje não existe mais o conceito de empresa competitiva e empresa não competitiva. Existe o conceito de país competitivo. Não basta a empresa ser competitiva da porta da fábrica para dentro se o país não for competitivo da porta da fábrica para fora. Uma tonelada de soja produzida no Brasil central tem custo de produção inferior ao dos Estados Unidos. Quando chega ao porto, a soja brasileira já está mais cara, em função da precária infraestrutura de transportes, portos, aeroportos e armazéns.

DC – O cenário econômico atual interfere na competitividade das empresas? De que forma?

PIO – Além da infraestrutura física citada na questão anterior, interferem nos custos da empresa a taxa de juros, a carga tributária, a taxa de câmbio e a lentidão na solução dos conflitos jurídicos. Ou seja, a macroeconomia interfere diretamente na capacidade de competir das pessoas e das empresas.

DC – Os empresários devem projetar as empresas para o futuro (10, 20 anos) ou pensar no negócio no presente? Por que?

PIO – As três principais missões da gestão são (a) gerenciar o dia a dia, (b) preparar a organização para o futuro e (c) dar retorno ao acionista. Pensar apenas no curto prazo é perigoso e pode condenar a empresa a morrer mais adiante, o que é indesejável.

 

DC – O que se leva em consideração para fazer a projeção?

PIO – O planejamento de longo prazo deve considerar quatro públicos externos: o cliente, o fornecedor, o concorrente e o governo. Logo, é preciso considerar todas as variáveis econômicas e políticas que envolvem esses quatro públicos. E isso requer o uso de metodologia científica válida para a busca de conclusões confiáveis.

DC- Empresários afirmam que estão perdendo competitividade. O que explica isto?

PIO – Perda de competitividade ocorre por razões internas da empresa (insuficiência de capital, deficiência tecnológica, ineficiência gerencial) e razões externas, como aquelas já citadas relativas ao país e ao macroambiente.

DC – Qual o caminho para a empresa que precisa elevar a competitividade?

PIO – O caminho passa por rever toda a situação atual da empresa, definir onde quer chegar, entender os aspectos internos e externos sobre a empresa e seus produtos, definir um plano de ação e ter disciplina e competência para agir, inclusive para fazer as mudanças necessárias – muitas vezes são mudanças duras e difíceis.

DC – O momento econômico atual é propício para se iniciar um negócio? Há oportunidades? Por que?

PIO – A população brasileira cresce e a economia, ainda que tenha tropeços de curto prazo, terá de crescer. Nesse ambiente, há sempre oportunidades à espera de investidores. Sempre haverá alguma necessidade a atender ou algum problema a solucionar; logo, sempre há oportunidades de investimento.

DC – De modo geral, a população brasileira entende o que está acontecendo com a economia do país?

PIO – Parte da população tem baixo nível de escolaridade média. Para essa parte da população, a compreensão de problemas complexos nunca é fácil. Entretanto, o povo sabe ler os sinais dos problemas. Coisas como inflação, desemprego, perda do poder de compra dos salários e crise moral são facilmente perceptíveis. Se não compreende o cenário em seus aspectos técnicos, o povo é capaz de ler os sinais das três crises: a política, a econômica e a moral.

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Pio Martins palestrará em Ponta Grossa na próxima quinta-feira

Foto: Divulgação

 

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